Em menos de uma semana de interrupções das atividades industriais, o setor calçadista de São João Batista/SC demitiu mais de 1.200 funcionários, o que representa um custo aproximado de mais de R$ 2 milhões. Os dados são do Sindicato das Indústrias de Calçados de São João Batista (Sincasjb). A principal feira do setor, A SC Trade Show, que acontece na cidade de Balneário Camboriú, também foi afetada, tendo que ser transferida para o mês de novembro.
Desde segunda-feira, 23, as indústrias do setor calçadista do município pararam as atividades após um acordo coletivo entre a entidade patronal e o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Calçados (Sintrical). De acordo com o sindicato, o setor deverá se retrair e algumas empresas terão dificuldades de fazer o pagamento dos funcionários em abril. Com isso, não somente o setor calçadista será afetado, outras áreas também sofrerão com a retração. "O comércio, de modo geral, também será afetado. Da mesma forma que a indústria está demitindo, o comércio também precisará fazer, para conseguir se manter ativo” alerta o presidente do Sincajb, Almir Manoel Atanázio dos Santos.
Ele avalia que a paralisação da indústria e comércio foi como tirar o Brasil da tomada. “Agora para religar a máquina será bastante difícil. Já iríamos sentir o reflexo da pandemia, mas com a paralisação, piorou ainda mais, é só observar o índice de desemprego gerado em poucos dias”, diz. Ele ressalta que o desemprego será ainda maior, pois o comércio deverá demitir para conseguir se manter ativo. “É algo muito triste a falar, mas São João Batista e o País terão uma recessão muito forte”, afirma.
Dias difíceis
Santos entende que a pandemia do coronavírus deu uma depressão na economia. Contudo, a indústria tem agido por uma boa causa, sabendo da gravidade da doença. “Mas em nossa visão, enquanto entidade, a parada foi precoce, e trará consequências econômicas muito grandes”, frisa.
O Sincasjb tem buscado apoio junto à Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), para conseguir recursos para injetar na economia local e retomar o crescimento da economia. O Poder Público Municipal também tem contribuído com a indústria, e decretou, na terça-feira, 24, situação de emergência em São João Batista. “Isso já vai ajudar as empresas em relação à questão jurídica e protestos de duplicatas”, diz Santos.