Calçadistas já sentem os impactos do novo coronavírus

20.03.2020 - Nicolle Frapiccini/Jornal NH

Pedidos sendo cancelados para o mercado interno e externo, solicitações para prorrogações de duplicatas e mercadorias prontas sendo recusadas no recebimento. Esses fatos têm feito parte da rotina diária das fábricas de calçados do Rio Grande do Sul nos últimos dias. Acontecimentos que já representam os primeiros sinais dos efeitos em cascata na cadeia coureiro-calçadista dos impactos econômicos causados pela pandemia do novo coronavírus.

Até porque levantamento feito pela Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac), com associados de todo o País, aponta para um recuo de até 70% no varejo brasileiro de calçados em algumas cidades devido ao receio dos consumidores em frequentar lugares fechados e de grande aglomeração de pessoas. Em média, a redução foi de 40% em multimarcas e 52% em monomarcas. E todo esse cenário preocupa não só empresários como também trabalhadores, já que os governos, cada vez mais, orientam as pessoas a ficarem em casa se for possível.

Produção suspensa
Apesar de não ter nada oficializado, a tendência é de que muitas das esteiras de produção de calçados suspendam suas atividades na próxima semana. O executivo comercial do Sindicato da Indústria de Calçados, Componentes para Calçados de Três Coroas (SICTC), Juliano Mapelli, conta que em reunião realizada nesta semana na entidade, foi sinalizado que as indústrias estão estudando e analisando conceder férias coletivas na próxima semana. "O cenário de incerteza é muito grande em virtude dos acontecimentos e do que tem sido feito para evitar a propagação da Covid- 19", afirma.

Já o presidente do Sindicato das Indústrias de Calçados de Novo Hamburgo (SICNH), Paulo Ricardo da Silva, frisa que a produção vai parar. "Não sabemos como vai ser porque as fábricas não têm recursos."

Falta de perspectivas preocupa

Silva destaca que uma das grandes preocupações do setor é de que não há perspectivas. "Alguma coisa vai ter que acontecer, o governo vai ter que ajudar com alguma contrapartida." Mapelli salienta que não há gordura. "Algumas, se não tem produção, não conseguem cumprir com os compromissos."

Férias coletivas
Em Novo Hamburgo, de 5 a 6 mil pessoas trabalham nas indústrias de calçados, segundo o Sindicato das Sapateiras e Sapateiros de Novo Hamburgo (STCNH). E a expectativa da entidade é de que as empresas concedam férias coletivas na próxima semana. "Já conversamos com algumas que se comprometeram a dar férias por cerca de 20 dias. Esperamos entrar em um consenso com o sindicato patronal. Estamos todos muito preocupados com essa situação", comenta o presidente do STCNH, Jair Xavier dos Santos. A reunião entre os sindicatos hamburguenses está marcada para as 8 horas desta sexta-feira, dia 20, no STCNH.

Traumático
A semana também foi de várias reuniões na Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). O presidente-executivo da entidade, Haroldo Ferreira, avalia como traumático o que está acontecendo no mercado. "Em reunião de emergência, demos orientações para o mercado e elencamos pleitos que estão sendo levados ao governo federal e à Confederação Nacional da Indústria (CNI). Tem algumas empresas que já estão com férias programadas e estamos pedindo urgência dessa regulamentação da flexibilização, postergação do pagamento dos tributos federais, entre outros."

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