É bem verdade que a delegação brasileira aterrissou em solo italiano munida de cautelas e incertezas. O novo corona vírus que virou a chave do mundo ao alertar para a iminência de a epidemia chinesa se alastrar para outros territórios fez com que a Assocalzaturifici, promotora da Micam Milano, barrasse a entrada de expositores e compradores chineses na 89ª edição da feira calçadista mais importante do mundo, que ocorreu entre os dias 16 e 19 de fevereiro, disparando um ponto de interrogação na condução dos negócios. Os registros oficiais revelaram uma pequena queda de 5% em visitação. Mas o made in Brazil acabou surpreendendo e superando até mesmo os números registrados em fevereiro de 2019.
Mantendo a quantidade de marcas participantes em relação a setembro do ano passado, com 76 marcas, o Brasil, de acordo com a compilação de dados da Abicalçados - Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, contabilizou transações na ordem de US$ 38,2 milhões. O valor, que representa um resultado 60% superior em comparativos à última edição de outono-inverno da mostra milanesa, engloba os pedidos fechados in loco e os negócios alinhavados ao longo da 89ª Micam. De acordo com a avaliação da analista de Promoção Comercial da Abicalçados, Paola Pontin, os calçadistas brasileiros também geraram um acréscimo de 15% nos contatos, tornando a participação, novamente recordista em número de empresas, ainda mais favorável. “Nossos expositores atenderam cerca de 2 mil contatos durante os quatro dias de feira, o que mostra o interesse dos visitantes e a assertividade das coleções brasileiras”, avalia Paola.
A sensação de dever cumprido também foi compartilhada pelas brands que expuseram seus produtos pela primeira vez na Micam. Marco Scheffel, representante de exportação da Andine, conta que conseguiu abrir os mercados do Japão, Líbano, Colômbia e Nigéria. “Essa é a nossa primeira participação e já colhemos ótimos frutos, recebendo clientes qualificados e que se mostraram abertos aos nossos produtos”, analisa Scheffel. Também a La Femme aterrissou na feira internacional pela primeira vez e está disposta a voltar devido ao retorno positivo. “Sabemos que temos um longo caminho para percorrer no mercado internacional, que hoje corresponde a 3% da nossa produção, mas saímos da Micam Milano com a sensação de que estamos na direção certa, com uma estratégia bem definida para alcançarmos 10% nas exportações no médio/longo prazo”, expõe Renato Barboza, diretor da La Femme.
MADE IN BRAZIL
Presença brasileira: as 76 marcas nacionais participaram da mostra milanesa entre os dias 16 e 19 de fevereiro.
São elas: Jorge Bischoff, Loucos & Santos, Luz da Lua, Capodarte, Dumond, Guilhermina, GVD International, Arezzo, Schutz, Ferracini 24h, Pegada, Democrata, Ferricelli, Sapatoterapia, Savelli, Opananken Antitensor, Bibi, Diversão, Klin, World Colors, Ortopé, Kidy, Pimpolho, Piccadilly, So.Si, Invoice, Andacco, Smidt, Vizzano, Beira Rio Conforto, Moleca, Molekinha, Modare Ultraconforto, Molekinho, Actvitta, Madeira Brasil, Verofatto, Cecconello, La Femme, Stéphanie Classic, Ramarim, Comfortflex, Capelli Rossi, Tabita, Wirth, Carrano, Suzana Santos, Renata Mello, Azillê, Art's Brasil, Ala, Zatz, Cristófoli, Camminare, Divalesi, Werner, Killana, Di Valentini, L'Atelier, Usaflex, Andine, Awana, Petite Jolie, Kildare, Anatomic & Co, Moema, Sollu, New Comfort, Rider, Ipanema, Grendha, Zaxy, Cartago, Boaonda, Cherry e Adrun.
Superação: na ordem de US$ 38,2 milhões - somados os pedidos fechados in loco e os negócios alinhavados durante o evento -, resultado 60% superior ao registrado na edição de fevereiro de 2019.
Incentivo: A participação foi promovida pelo Brazilian Footwear, programa de apoio às exportações de calçados mantido pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
Mídia daqui: O Jornal Exclusivo foi o único veículo da imprensa brasileira que participou da cobertura da 89ª Micam.
De acordo com Siro Badon, presidente da Micam Milano e Assocalzaturific, a redução da visitação que era esperada para essa edição, que precisou administrar a crise do novo corona vírus, se confirmou. “Vimos uma queda no número de compradores asiáticos e uma desaceleração dos visitantes britânicos devido a dificuldades de transporte, causadas também pela emergência de saúde pública e condições climáticas extremas. Houve também uma ligeira queda nos compradores alemães, que estão passando por um período econômico difícil. Um cenário que é contrabalançado por um aumento de compradores da Rússia e da área de CSI graças ao apoio da Itália Agência de Comércio (ITA). Tivemos vários compradores e visitantes de alto nível que mostraram interesse real nos produtos inovadores apresentados pelos nossos expositores e, em particular, nas coleções italianas de alta qualidade ”, avalia Badon.
Para o CEO da Micam, Tommaso Cancellara, a indústria da moda italiana trabalha cada vez mais em sinergia, como um sistema. Outro fato que contribuiria para a queda na visitação seria a preparação para o Milan Fashion Week. “A Micam coincide com várias outras feiras que oferecem compradores estrangeiros, com maiores oportunidades de negócios, permitindo que eles descubram o melhor do made in Italy em apenas dez dias em Milão ”.
Já o universo dos esportes e calçados para atividades ao ar livre foi destaque no Players District, uma área animada e dinâmica com performances freestyle emocionantes de diversos profissionais. A atenção dos visitantes também foi atraída para a área de Designers Emergentes, apresentando as criações de 12 jovens designers selecionados por um painel de especialistas, e para a área dedicada à startup italiana de calçados, promovida pela Itália Agência de Comércio (ITA) e do Ministério do Desenvolvimento Econômico, em colaboração com Suitex International, que selecionou oito empresas para expor seus produtos.