A jovem que ensinou o patrono da exportação a falar inglês

24.02.2020 - Michel Pozzebon

Foto: Michel Pozzebon/GES-Especial
Vera Mariza Muhlenberg Stocco
A hoje professora e psicanalista Vera Mariza Muhlenberg Stocco, 68 anos, tem uma história intrínseca ao setor calçadista do Brasil. Na década de 1960, durante a sua adolescência, para auxiliar um dos pioneiros da exportação brasileira de calçados a negociar com os importadores, ela o ensinou a falar inglês. O pioneiro em questão era o empresário Cláudio Ênio Strassburger, considerado o patrono das exportações calçadistas no País.

"Na época eu não tinha dimensão de que estava ensinando inglês para uma pessoa que se tornaria um dos mais importantes personagens da indústria de calçados do Brasil, que contribuiu para colocar o Vale do Sinos no mapa mundial da produção de calçados através da exportação bem-sucedida de produtos made in Brazil", conta Vera.

Em 1969, quando retornou de um intercâmbio nos Estados Unidos, Vera foi convidada para dar aulas de inglês a Strassburger, entre outros diretores da empresa comandada por ele. "O convite para dar aulas veio a partir da minha irmã Trude, que era amiga da esposa do Cláudio. Como eu tinha proficiência em língua inglesa, por conta do intercâmbio, comecei a dar aulas para eles após o expediente, lá mesmo na fábrica do Strassburger", afirma ela, recordando que quando começou a ensinar língua inglesa aos calçadistas, lecionava em duas escolas de Novo Hamburgo/RS. "Na época eu trabalhava em uma escola de inglês, a primeira do gênero a se instalar em Novo Hamburgo e também na escola Osvaldo Cruz. Sempre, por volta das 18h, uma kombi da empresa do Strassburger me buscava e me levava para a sede da fabricante, onde eu ensinava inglês aos diretores e contramestres", comenta.

Para ensinar inglês aos calçadistas, Vera salienta que teve que aprender as peculiaridades do setor calçadista. "Sabemos o inglês literal. Mas, no caso da indústria calçadista, precisei entender as especificidades do setor para poder ensinar a língua inglesa, para que eles conseguissem ter êxito nos negócios com os importadores", explica.

Método próprio

Outro grande desafio de ensinar inglês para Vera veio logo de cara, com uma cliente particular. "Dava aula de inglês para uma menina de quatro anos, foi ali que eu comecei intuitivamente. Ficava pensando como eu iria dar aula para uma criança. Fazia recortes e colagens de jornais e revistas. Criei praticamente um método", destaca.

Pai era especialista em calçados

Vera recorda que o primeiro contato com a indústria calçadista veio com o pai Artur Muhlenberg ainda na infância. "Ele veio para Novo Hamburgo em 1945, onde montou uma fabriqueta no mesmo terreno em que morávamos. Ele era um profundo conhecedor do processo produtivo do couro até a fabricação de um calçado modelo Luís XV", ressalta.

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