Micam dribla crise da epidemia chinesa e segue com seu espetáculo calçadista

17.02.2020 - Marcela Brown/Enviada especial a Milão*

Foto: Marcela Brown/GES-Especial
Micam iniciou neste domingo, 16, e segue até quarta-feira, 19, em Milão (Itália)
Direto da capital internacional da moda, em Milão, todos os holofotes se voltam ao glamour que permeia a feira calçadista de maior relevância mundial. A 89ª Micam entrou em cena no dia 16 de fevereiro disposta a transpor os aspectos lúdicos e surreais das Aventuras de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, pseudônimo imortalizado por Charles Lutwidge Dodgson na literatura infantil, para o universo fashion. Mas conduzir a temática cenográfica com maestria na extensão de 60 mil metros quadrados da exibição certamente não foi o maior desafio da organização do evento.

A epidemia do novo coronavírus na China, que colocou não apenas a Itália mas o mundo em alerta, resultou em decisões difíceis para a feira milanesa. O movimento foi pelo não cancelamento, mas com medidas decisivas: a primeira edição de 2020 não trouxe expositores e compradores chineses e, claro, a presença asiática, comparando com edições anteriores, teve uma queda visível e expressiva. De acordo com a direção da mostra, somente no último dia serão divulgados os números, mas a redução na visitação, que tradicionalmente contabiliza um número de 90 mil pessoas, já é uma realidade.

Expositores brasileiros

A ausência de compradores asiáticos já era esperada entre os expositores brasileiros. O gerente de exportação da Sapatoterapia (Franca/SP), Daniel Figueiredo, já estava preparado para este fato e entende que o remédio é traçar um plano B ante as dificuldades geradas pelo novo coronavírus. “A gente veio com uma expectativa de diminuir as vendas em relação à edição passada. A questão da China, que é um dos nossos mercados mais importantes, faz com que tenhamos que driblar a situação. Estamos mandando amostras para clientes asiáticos que não puderam vir à feira, por exemplo”, explica Figueiredo, acrescentando: “A própria economia mundial inevitavelmente vai ser afetada. Talvez o empresário brasileiro não vai sentir isso logo, talvez leve alguns meses se essa epidemia continuar dentro da China. Nos resta buscar novos mercados. Os Estados Unidos já estão buscando um plano B e, nesse sentido, o Brasil pode ser favorecido. Hoje atendemos novos clientes de lá.”

No estande da Ferracini (Franca/SP), a gerente de negócios internacionais, Valessa Lourenço, e a analista comercial internacional, Thânia Fileto, observaram que a queda dos compradores da Ásia foi bem drástica, principalmente em comparação com a edição de setembro do ano passado, quando essa visitação foi intensificada pela ação da Micam para trazer compradores de países asiáticos para a feira. “Estamos entrando no 5º ano consecutivo de participação na feira. A gente percebeu claramente a baixa dos asiáticos, não recebemos nenhuma visita até agora. No ano passado fomos surpreendidos com visitação de clientes de países como Indonésia, China, Japão, Malásia, Hong Kong e outros. Por outro lado, estamos recebendo novos clientes de países de outros continentes”, relata Valessa. Para Thânia, um dos desafios que vem pela frente é explorar melhor o mercado europeu. “Estamos recebendo muitos europeus, nosso produto é bem aceito por eles mas não temos muito mercado na Europa, pretendemos intensificar isso daqui para frente”, expõe a executiva.

Já o gerente de vendas da Pegada (Dois Irmãos/RS), Juliano Fontes, explica que a fabricante não chegou a ser afetada pela crise chinesa. “Na verdade interferiu pouco para nós, porque o número de clientes que a gente tem na Ásia não vieram, nós temos apenas dois clientes e, claro, ambos não vieram. Hoje o nosso número de exportações para a Ásia é pouco expressivo, mas a gente entende que a situação do coronavírus acaba afetando o mercado como um todo”, explica Fontes.

Ao todo, são 76 marcas brasileiras presentes na Micam, através do programa Brazilian Footwear, de incentivo às exportações de calçados, mantido pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).

Cobertura multiplataforma

O Jornal Exclusivo é o único veículo da imprensa brasileira acompanhando in loco a 89ª Micam, em Milão, a convite da promotora da feira italiana, através de uma cobertura multiplataforma. A mostra se iniciou no último dia 16 e prossegue até o dia 19 de fevereiro, contabilizando 1205 expositores, sendo 628 italianos e 577 estrangeiros. Destes estrangeiros, 76 são brasileiros expondo suas marcas.

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