O histórico evolutivo da moda traçado por Dudu Bertholini

19.11.2019 - Ruan Nascimento / Jornal Exclusivo

Foto: Divulgação
Estilista e consultor de moda fará palestra na Zero Grau, em evento comemorativo aos 50 anos do Jornal Exclusivo
Dudu Bertholini se define como uma pessoa de estilo exuberante e único, em constante mutação, assim como todos nós, segundo o expert aponta. Ele é estilista e consultor de moda e participa de diversos projetos. Atualmente, licencia uma coleção de lenços e quimonos para a Scarf Me, é coordenador de Design de Moda do IED São Paulo, além de realizar projetos na TV. Recentemente, fez participação especial na novela A Dona do Pedaço, na Globo, interpretando ele mesmo.

Seu alto conhecimento em moda será levado a público na palestra "Do movimento hippie à moda disruptiva: 50 anos de transformações no universo calçadista", nesta terça-feira, 19 de novembro, durante a Zero Grau - Feira de Calçados e Acessórios, em Gramado/RS, às 17h30. Ele traçará um panorama histórico da moda, desde a Segunda Guerra Mundial, passando pela virada para o Século XXI até os dias atuais. O evento é realizado pelo Grupo Sinos, com o patrocínio de Blu e Calçados Variettá, e apoio da Camaleoa Indústria Têxtil. Após a palestra, será realizado um coquetel sobre os 50 anos do Jornal Exclusivo, celebrados nesta data. Confira os principais trechos da entrevista exclusiva.

Entrevista com Dudu Bertholini

O que levará de conteúdo em sua palestra na Zero Grau?

Vou falar dos últimos 70 anos da história da moda e dos calçados, dos anos 50 até os dias de hoje. A ideia é traçarmos uma reflexão da moda com antropologia, como comportamento e reflexo do mundo à nossa volta.

O que considera como a grande transformação da moda nos últimos 50 anos?

Eu diria que a moda, até a chegada do século XX, se dispôs a traduzir o mundo à nossa volta e a nos sugerir sobre como deveríamos nos vestir e nos parecer para nos adequar a este mundo. A grande diferença, agora no século XXI, é que a moda deixa de ter este papel de ditar o que temos que usar.

Considerando a moda em calçados, como foi este processo evolutivo nas últimas cinco décadas?

Acho que a moda dos calçados acompanhou todas as transformações pelas quais o mundo passou. Antes da chegada do século XXI, a moda calçadista traduziu cada período, e refletiu o comportamento e pensamento vigentes de cada década, como as plataformas dos anos 70, ou os scarpins dos anos 80. A chegada do século XXI, com a democratização da moda, é muito impulsionada pela revolução da comunicação e aceleramento da internet.

De que forma eventos históricos influenciaram na moda?

A moda sempre vai ser o reflexo dos eventos históricos. Quando se olha para a moda como o reflexo antropológico do mundo a nossa volta, se torna muito mais interessante. Conseguimos entender política, religião, geografia, economia e clima. Uma prova desse sentido está nos anos 40, durante a Segunda Guerra Mundial, em que se proibiu o desperdício de matérias-primas e de tecidos. Percebemos que, ao invés dos vestidos de caldas longas dos anos 30, vemos as silhuetas dos tailleurs ajustadas ao corpo, em que as mulheres precisaram competir pela primeira vez no mercado de trabalho com os homens.

Como enxerga a indústria brasileira de calçados com relação às demais indústrias do setor do mundo?

Temos uma indústria incrível, competente, profissional, e espero que acredite cada vez mais nela mesma, e valorize o que é produzido no Brasil. Quanto mais valorizarmos o que é nosso, e capacitar e potencializar a nossa indústria, o mercado calçadista e a economia brasileira vão crescer cada vez mais.

O que é a moda para você?

Essa definição aprendi com a Glória Kalil, uma grande amiga e mestra, e ela tem a melhor resposta sobre a moda. A moda é um sistema de evolução permanente que traduz o desejo das pessoas. Ela é antropológica e o reflexo do mundo à nossa volta.

Como é o seu estilo?

É uma pergunta difícil. Somos tão múltiplos e complexos e em constante mutação. Diria que meu estilo é exuberante, único, com tradução imediata de quem eu sou. Tem várias características que permanecem e se consolidam, e ao mesmo tempo, também se transformam, porque todos nós estamos sempre mudando.

De que forma você acha que será a moda nos próximos 50 anos?

Acho que vai ter duas grandes aliadas, a tecnologia e a sustentabilidade, uma apoiando a outra. O único caminho da moda é ser um agente transformador do bem, é gerar um impacto positivo ao mundo à sua volta.

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