Exportação responde por 70% da produção de couros do Brasil

05.01.2024 - Michel Pozzebon

As exportações seguem como o principal canal de comercialização do couro brasileiro, com participação de mais de 70% no total da produção. Segundo o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), até novembro de 2023, as estatísticas das vendas ao mercado externo revelam um "importante aumento" em termos de área ( 11,3%) e peso ( 20,1%) sobre os onze primeiros meses de 2022, mas uma diminuição em valores (-10,1%).

"Trata-se de um movimento observado em toda a indústria global de couro, com o preço do material influenciando diretamente o resultado do setor curtidor em todos os países. Apesar da demanda persistente e crescente pelo couro brasileiro, como vemos na área e no volume, o mercado enfrenta uma tendência de queda nos valores. Essa é uma realidade que faz parte dos ciclos habituais da indústria de couros", comenta o presidente-executivo do CICB, José Fernando Bello.

Foto: Arquivo/GES.
Arquivo/GES
José Fernando Bello

O dirigente cita que os conflitos geopolíticos de "magnitude extrema" - como os de Ucrânia e Rússia, e Israel e Palestina -, "impactaram significativamente" na economia mundial e consequentemente na atividade da indústria coureira global em 2023. "Esses eventos extraordinários afetaram o poder de compra das famílias, os custos de produção, e diversos setores da sociedade, incluindo energia elétrica, insumos industriais, gás e transporte", observa.

Bello analisa que, adicionalmente às questões geopolíticas, o retorno gradual das atividades habituais na China - após lockdowns ao longo da pandemia de Covid-19 -, teve "efeitos em cascata" em várias indústrias globais, incluindo a do couro em 2023.

2023 de altos e baixos

Produzindo 1,3 mil couros/dia e destinando 85% da produção ao exterior, o Cortume Krumenauer (Portão/RS) avalia 2023 como um ano de “altos e baixos”. “Tivemos espasmos com bons e muitos momentos com volumes abaixo do esperado”, sustenta o diretor comercial, Joel Krummenauer.

Foto: Arquivo/GES.
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Joel Krummenauer

Tendo como principais clientes internacionais China e Estados Unidos, a empresa gaúcha comercializa seus produtos para indústrias de artefatos (principalmente cintos), bolsas e calçados. “Estivemos presentes em muitas feiras e visitamos diversos clientes na Ásia, Estados Unidos, Índia e notamos que os volumes de negócios no setor estiveram bem abaixo de 2022 para a grande maioria das empresas”, completa.

Sustentabilidade na pauta

O dirigente do CICB acrescenta que em 2023 a indústria brasileira de couros investiu em ferramentas e controles de sustentabilidade de “forma imensa”, especialmente em conformidade e lisura de processos na cadeia de fornecimento. “A pauta da sustentabilidade esteve em cada detalhe e decisão dos curtumes brasileiros em 2023, em um direcionamento que deve ser visto também em 2024”, reforça Bello.

Segundo ele, o setor coureiro “está muito atento a aprimorar suas plataformas e habilidades visando o alinhamento com as melhores práticas de seus fornecedores, relações com comunidades, equidade de gênero, além do compartilhamento de resultados e valor para a sociedade”.

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