Com destaque para o agro, PIB avança 2,9% em 2023

06.03.2024

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, no dia 1º de março, os dados consolidados do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2023. De acordo com o IBGE, o PIB encerrou o ano com crescimento de 2,9%, totalizando R$ 10,9 trilhões.

Ao analisarmos os números do PIB pela ótica da oferta, percebemos que o crescimento foi puxado pelo setor agropecuário que apresentou impressionante expansão de 15,1% em 2023. O forte ritmo de crescimento do setor foi liderado pela produção de soja (27,1%) e de milho (19,0%).

Já o setor de serviços, que tem o maior peso no PIB, apresentou crescimento bem mais modesto (2,4%) em 2023, puxado pela expansão dos serviços de intermediação financeira (6,6%) e de atividades imobiliárias (3,0%).

Dos três grandes setores que compõem o PIB, o que apresentou menor taxa de crescimento (1,6%) foi o setor industrial. Os maiores destaques positivos vieram da indústria extrativista (8,5%) e da produção e distribuição de energia, gás e água (6,5%), enquanto a indústria manufatureira encolheu 1,3%.

Já quando analisamos o PIB pela ótica da demanda, todos os componentes apresentaram crescimento em 2023, com exceção da chamada formação bruta de capital fixo (o volume de investimentos da economia).

O consumo do governo cresceu 1,7%, e o consumo das famílias, principal força motriz da economia, avançou 3,1%. A queda da taxa de desemprego, o arrefecimento da inflação em 2023 e os programas de transferência de renda foram os fatores que ajudaram a explicar o bom resultado do consumo das famílias no ano passado.

Todavia, o elevado grau de endividamento, apesar do programa Desenrola Brasil, e a taxa básica de juros ainda em patamar elevado, contribuíram para que o resultado não fosse melhor.

Já a formação bruta de capital fixo, que havia avançado de forma modesta (0,9%) em 2022, apresentou, no ano passado, queda de 3,0%, puxado pela forte retração na produção de máquinas e equipamentos (-9,4%).

No que tange ao comércio exterior, as importações registraram queda de 1,2% enquanto as exportações apresentaram forte crescimento (9,1%), favorecidas pelas vendas de produtos alimentícios, minério de ferro e derivados de petróleo.

Apesar dos resultados favoráveis, quando se olha para os dados trimestrais, percebe-se que de outubro a dezembro a atividade econômica ficou estagnada (0,0%) quando comparado ao trimestre imediatamente anterior, o que já havia acontecido também no trimestre compreendido entre julho e setembro, revelando um ritmo de atividade bastante distinto ao longo do ano.

Em 2023, acabamos tendo um primeiro semestre bastante aquecido, puxado sobretudo pela forte expansão do setor agropecuário, porém, durante o segundo semestre, a atividade econômica acabou ficando estagnada, o que acende um sinal de alerta para 2024.

Orlando Assunção Fernandes

Orlando Assunção Fernandes é economista, mestre em Economia Política e doutor em Teoria Econômica pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

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