Balança comercial brasileira registra superávit no primeiro semestre

12.07.2021

No último dia primeiro de julho, o Ministério da Economia divulgou os dados da balança comercial do mês de junho, bem como o consolidado para o primeiro semestre de 2021.

Apenas em junho o Brasil exportou US$ 10,4 bilhões a mais do que importou, apresentando superávit nunca antes registrado para um único mês desde o início da série histórica.

Já no acumulado dos seis primeiros meses do ano, o superávit da balança comercial foi de US$ 37,5 bilhões, resultado também inédito para um primeiro semestre, cujo recorde anterior havia sido registrado em 2017 (US$ 31,9 bilhões).

Tal resultado está relacionado ao chamado boom de commodities (das quais o Brasil é um grande exportador), e é reflexo da forte demanda oriunda, em especial, dos países asiáticos que hoje são os maiores destinos das exportações brasileiras, bem como também dos melhores termos de troca (alta internacional dos preços destes produtos).

Todos os setores apresentaram, em junho, aumento nas vendas. As exportações agropecuárias e as da indústria de transformação subiram, respectivamente, 24,9% e 38,1% quando comparadas ao mês de junho de 2020. Já as vendas externas da indústria extrativista, beneficiadas pela valorização dos preços das commodities minerais, subiram impressionantes 175,8% com relação ao mesmo mês do ano anterior.

Após números tão expressivos, o Ministério da Economia optou por revisar sua projeção para a balança comercial de 2021 de US$ 89,4 para US$ 105,3 bilhões. Se a previsão for confirmada, o resultado será mais que o dobro do valor obtido em 2020 e também será recorde.

Tal projeção é mais otimista do que a feita pelo mercado financeiro que, de acordo com o relatório Focus, projeta um superávit de US$ 69 bilhões para 2021, e é ainda mais auspiciosa quando comparada com a projeção do próprio Ministério feita no início do ano, que era de um superávit de US$ 53 bilhões.

O que pode possibilitar que tal projeção seja alcançada é a trajetória do petróleo, que tem apresentado expansão tanto no seu preço de venda como na quantidade exportada, bem como a do minério de ferro que, apesar de não ter registrado embarques tão expressivos, tem apresentado também uma explosão no preço de venda.

Ademais, o segundo semestre apresenta, tradicionalmente, exportações maiores do que o primeiro, já que nos dois primeiros meses do ano os embarques caem devido a férias coletivas e ao Carnaval.

Vale lembrar, porém, que com a revisão para cima das projeções para o PIB de 2021, as importações também deverão apresentar forte crescimento, o que pode frustrar as ambiciosas projeções do Ministério da Economia.

Independentemente disso, o certo é que os números da balança comercial brasileira têm sido até aqui assaz positivos e revelam que a economia global começa a se recuperar dos reflexos da pandemia e nos dão esperança que o pior já passou e que bons ventos começam a soprar sobre a atividade econômica brasileira.

Orlando Assunção Fernandes

Orlando Assunção Fernandes é economista, mestre em Economia Política e doutor em Teoria Econômica pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

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