O momento é de repensar tudo

27.05.2020

Com o surgimento da Covid-19, que se transformou em uma pandemia, o mundo ficou de
cabeça para baixo. Não é preciso relatar aqui o impacto que isto provocou no setor de couro e calçados, pois todos estão sofrendo as consequências da paralisação das atividades. Neste momento, com a maior parte do comércio permanecendo fechada, e
as indústrias que ainda não sucumbiram trabalhando em ritmo defasado, é preocupante o futuro. Quem reabriu está apenas produzindo para o que sobrou na carteira de pedidos e/ou para produzir estoque a partir da matéria-prima que estava comprada.

O comércio on-line é muito importante, mas nos níveis atuais não tem a mínima chance de sustentar todo o parque industrial do País. Se as lojas físicas não voltarem a comercializar logo, as indústrias voltarão a fechar, utilizando todos os recursos da Medida Provisória 936. Quanto mais tempo as restrições ao comércio forem ampliadas, mais dificuldades as indústrias terão de retomar as atividades. Certo é que todas deverão encolher significativamente. Calculo que as que menos reduzirem, encolherão pelo menos 30%.

Se antes falávamos em reduzir custos e melhorar a eficiência para tornar a empresa mais competitiva, hoje dizemos que este caminho é obrigatório para a empresa simplesmente manter-se viva. Todas as medidas que relutamos em adotar antes para tornar a empresa mais competitiva por serem duras, amargas, muito impactantes, hoje devem ser reavaliadas. Com quase toda a certeza deverão ser implementadas já, com todo o cuidado e planejamento que permita a assertividade dos resultados.

Contudo, toda esta situação, todos estes acontecimentos e privações que estamos vivenciando deve servir para sairmos mais fortes ou, no mínimo, menos debilitados. Devemos aprender com mais esta crise de proporções antes inimagináveis. Assim como uma guerra traz muito sofrimento, escassez, privações e um grande repensar de tudo, este momento se assemelha muito a um período de conflito bélico. Desta forma muitos conceitos, objetivos, paradigmas e práticas devem ser questionados.

Nos últimos anos vimos as feiras se anteciparem cada vez mais, antecipando também os lançamentos de cada estação. Nem bem acabava o verão e as indústrias já estavam com a coleção ou boa parte das linhas prontas para apresentar ao mercado a nova coleção do verão seguinte. Este processo vinha se acentuando cada vez mais, causando algumas distorções
que eram motivo de crítica por alguns lojistas e industriais. Entendo que este reboliço provocado pela pandemia pode ser o motivo para se ajustar novamente as estações, a exemplo do que está ocorrendo no comércio de calçados da Alemanha. Lá há um movimento para se atrasar em um mês o calendário de lançamento dos produtos da estação aproveitando a paralisação, ao mesmo tempo que se adequam as vendas para os lojistas. Isto pode ser muito benéfico para o setor. É de se repensar.

Luis Coelho

Luís Coelho é consultor internacional de empresas formado em Tecnologia de Produção de Calçados e pós graduado em Educação pela Feevale, com MBA em Comércio Exterior e Negócios Internacionais pela FGV. É diretor da Coelho Consultoria Empresarial Ltda.

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