Alinhando teoria e prática

13.05.2019

Lendo um artigo do amigo Will Ceolin sobre a dicotomia entre discurso e prática em startups, percebi o quanto essa onda vem interferindo no comportamento das empresas do setor calçadista. O texto, que pode ser conferido na íntegra em medium.com/@wceolin, fala sobre a moda de “construir um mundo melhor”, ao mesmo tempo em que as empresas exigem dedicação 24 horas por dia e empenham uma pressão desumana para que as equipes atinjam o tão sonhado ganho de escala.

Li o texto e logo lembrei da realidade da nossa indústria, que faz o que o mercado pede ou o Governo demanda, ainda que aquilo seja apenas um pano preto sobre práticas muito focadas em lucro a qualquer custo. Grande exemplo disto é o comportamento de alguns empresários frente ao projeto de Logística Reversa, negociado pela Abicalçados junto ao Ministério Público do Mato Grosso do Sul.

Após notificação do órgão, o setor calçadista deveria apresentar um plano de logística reversa das suas embalagens enviadas para o Estado. A Abicalçados então negociou com o Procurador e estabeleceu um projeto com uma empresa que pode oferecer o correto destino ao material. Para que estejam protegidas, as empresas associadas devem aderir ao Projeto e, ao final de cada ano, calcular a pegada ambiental do período. Com as informações, as empresas pagam um valor por tonelada para que as embalagens sejam destinadas corretamente.

Até aí tudo bem. O que não faz sentido é o fato de que as empresas cumprem as normas, mas não entendem o real motivo da preocupação: estamos enchendo nosso planeta de lixo! Não adianta cumprir com o acordado junto ao MP do Mato Grosso do Sul, e seguir com práticas irresponsáveis em outros estados - e, por isso, a Abicalçados já está desenvolvendo um plano de abrangência nacional. Os empresários e executivos precisam pensar além do lucro.

Entender que custos como o de logística reversa não podem ser considerados marginais ou desnecessários, mas imprescindíveis. E, além disso, devem desde já buscar soluções para o correto destino também dos calçados, com a separação e reciclagem de materiais.

Da mesma forma, não adianta entrar no embalo do impacto positivo, e da porta para dentro, praticar uma gestão vertical ou unilateral, abusiva e desalinhada com o discurso. Se a empresa é boa para o mundo, ela assim precisa ser por inteiro, na teoria e na prática. Fica aqui minha dica do mês, conheçam o Sistema B, se inspirem nos seus valores e diretrizes, e vamos, de fato, construir as empresas que esse tal mundo melhor precisa.

Roberta Ramos

Roberta Ramos é gestora de Projetos na Abicalçados, jornalista, empreendedora e entusiasta de futurismo. Contato: roberta@abicalcados.com.br.

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