Bananas equatorianas no caminho do calçado

18.03.2019 - Nicolle Frapiccini/Jornal NH

Mais uma vez, o calçado brasileiro enfrenta processos de dúvida de qualificação de origem ao entrar no Equador. Na semana passada, menos de dois meses depois de o país sul-americano suspender a medida em função da resolução do imbróglio com os camarões que também interferiram na entrada de sapatos no ano passado, as bananas equatorianas voltam a ficar no caminho dos calçadistas verde-amarelos. A novela começou em agosto de 2017, quando o Brasil barrou a entrada de bananas e camarões equatorianos pelo fato de que os dois ofereciam riscos, conta a economista e coordenadora de Inteligência de Mercado da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Priscila Linck. “Nesta ocasião, o Equador impôs como retaliação, pela primeira vez, restrições à entrada do calçado nacional. A barreira seguiu até novembro de 2017, quando o Ministério da Agricultura emitiu duas normativas liberando a entrada dos produtos no Brasil pelo fato de que eles não continham riscos.”

Apesar da medida, vendas cresceram

Priscila observa que apesar das medidas, as vendas de calçados brasileiros para o Equador cresceram. “Conseguimos manter o mercado neste período. Já entramos em contato e atuamos conforme temos espaço para derrubar essa barreira.” O mercado equatoriano foi o nono maior comprador do calçado brasileiro em 2018. E, para os equatorianos, o Brasil figura como 62º país que mais importa bananas deles.


Capítulo 2

Em junho de 2018, uma decisão judicial do Supremo Tribunal Federal no processo aberto pelos produtores de camarões do Brasil faz com que o produto equatoriano, novamente, fique sujeito à análise de riscos. E, pela segunda vez, o Equador impõe barreiras ao calçado brasileiro, que só foram liberadas na virada de 2018 para 2019. “Agora que começaríamos a normalizar a entrada de calçado verde-amarelo no Equador temos essa nova barreira em função de decisão liminar que anulou os efeitos da normativa de 2017 que autorizava a importação de bananas do Equador no mercado brasileiro”, pontua Priscila.

Estratégico

A coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados explica que a barreira não proíbe a entrada do calçado, mas exige análise de risco que dá trabalho para calçadistas provarem que o produto é brasileiro. “Eles sabem que o calçado é muito forte no Brasil e é um setor estratégico. Temos um acordo que faz com que não tenha mais tarifas de importação de calçados para o Equador. Só vale se o produto for do Brasil”, frisa. Até que seja provado, importadores devem arcar com valor de garantia equivalente à tarifa de importação integral (10% + US$ 6,00/par), que deve ser ressarcido em até 90 dias se comprovada a origem.

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