Hackeando por dentro

03.12.2018

Está na moda ser empreendedor. Se for em uma startup, então, melhor ainda. Falamos do conflito de gerações e de um novo momento, guiado pelo propósito. Discursos inflamados gritam, aos quatro cantos, para que sigamos nossos sonhos, desafiando os padrões estabelecidos. Ressignificamos o viver e, em especial, o conceito de trabalho. Largar tudo para começar de novo já não surpreende. Natural, é mais fácil começar do zero do que transformar o que já existe.

O problema é que, nessa onda, as grandes empresas acabam ficando pra trás. Estão ali, em grande parte, apegadas a um modelo de negócio que já não funciona mais tão bem como antes, e abandonadas por aqueles que poderiam inspirar a transformação. Olhamos para grandes empresas com a sensação de que são entidades com vontades e poderes. E esquecemos que, por trás de tudo aquilo, o que faz as engrenagens girarem são pessoas.

Tenho ouvido com frequência pessoas manifestarem entendimento com relação ao novo cenário, mas também sentimento de impotência e resignação com relação ao ambiente onde estão inseridas. Principalmente no trabalho. Pessoas, calma, tudo tem solução!

Num mundo onde todos somos vetores de mudança, vale muito mais inspirar e sensibilizar novos do que se juntar aos já existentes. É o entendimento de que intraempreendedorismo também conta (e muito!) nesse novo currículo. De que confiança não se compra, se conquista – e isso pode levar um certo tempo. De que a mudança não pode chegar metendo o pé na porta, mas sim, batendo educadamente, explicando os motivos da visita e perguntando se pode entrar.

O processo de hackear por dentro não é complexo, mas dá trabalho. Demanda tempo, empatia, resiliência e muita insistência. Mas mais do que isso, exige coragem! Hackear por dentro pede a criação de um exército da transformação, que deve crescer à medida em que novas pessoas forem sendo sensibilizadas quanto ao tema. Claro, quanto mais cabeças da organização fizerem parte, mais rápido as mudanças aparecem.

E mais importante que tudo isso é a liderança pelo exemplo. É mostrar na prática que dá pra fazer diferente e que a mudança começa em cada um de nós. É se desapegar de antigos conceitos e abraçar um sistema horizontal, orgânico e distribuído, abrindo espaço para que esse exército se conecte e cresça, até que dele, faça parte a maioria.

Roberta Ramos

Roberta Ramos é gestora de Projetos na Abicalçados, jornalista, empreendedora e entusiasta de futurismo. Contato: roberta@abicalcados.com.br.

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