Mais um ano decepcionante

19.12.2018

Chegamos ao fim de mais um ano e, como é costume nesta época, é hora de fazer um balanço do período que se encerra.

Em dezembro passado, neste mesmo espaço, no artigo intitulado “Que venha 2018”, afirmava que, com a manutenção de taxas de juros baixas, inflação controlada, maior volume de crédito e aquecimento do mercado de trabalho, estaria aberto o espaço para uma recuperação substancial da economia brasileira em 2018.

De fato, a taxa básica de juros atingiu seu menor patamar histórico (6,5% em março) e assim permaneceu ao longo de todo o ano.

A inflação permaneceu comportada (devendo terminar o ano entre 4,0% e 4,5%), bem como experimentamos uma leve recuperação do mercado de trabalho com a taxa de desocupação ficando em 11,9% (dados de outubro), abaixo dos 12,7% registrados ao final de 2017. Contudo, o nível de atividade econômica acabou sendo decepcionante, ficando aquém das expectativas deste colunista, bem como da maioria dos analistas de mercado que, no início do ano, apontavam para uma taxa média de crescimento de 2,7%.

Apesar do resultado definitivo do PÌB de 2018 só vir a ser divulgado pelo IBGE em março, a taxa de crescimento não deve ser maior do que 1,5% – isto em uma visão bastante otimista.

Naquele mesmo artigo, entretanto, apontei que os riscos para a concretização de um cenário econômico mais auspicioso viriam do ambiente externo, das incertezas subjacentes ao contexto político-eleitoral, bem como da não aprovação de reformas estruturantes.
E, de fato, todos estes fatores exerceram pressão contracionista sobre o nível de atividade econômica brasileira em 2018.

A eleição presidencial, bastante pulverizada, foi marcada por idas e vindas que passaram pela incerteza da candidatura do Ex-Presidente Lula, pelo decepcionante desempenho da candidatura Alckmin, culminando com o decisivo atentado ao então candidato Jair Bolsonaro.
Já as reformas, tão esperadas, continuaram sem avançar. Apesar das tentativas do Governo Temer, os diversos escândalos que atingiram o presidente e figuras-chaves de seu governo, a proximidade do pleito eleitoral, bem como a visão de que este é um governo de transição em seu apagar de luzes, inviabilizaram qualquer tentativa de aprovação de reformas.

Por fim, no front externo, o aumento do protecionismo comercial, inaugurado com a elevação de tarifas pelos Estados Unidos sobre vários produtos, especialmente chineses, promoveu incertezas e resultou em menor ritmo da economia mundial, com reflexos à economia brasileira.

Em 2019, com eleições definidas e a expectativa de que o cenário internacional continuará complexo e desafiador, a aprovação das reformas política, tributária e previdenciária será mais do que nunca fator decisivo para reconduzir finalmente à economia brasileira aos trilhos do crescimento. É aguardar para ver.

Orlando Assunção Fernandes

Orlando Assunção Fernandes é economista, mestre em Economia Política e doutor em Teoria Econômica pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

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