Camuto Group compõe império calçadista nos EUA

30.10.2018 - Mary Silva / Jornal Exclusivo

Foto: Divulgação
Operação da empresa passa a ser comandada pelos grupos ABG e DSW
Uma parceria entre duas potências internacionais de branding e varejo começa a delinear a nova gigante do mercado calçadista. Foram anos de especulações e meses de tratativas até o início de outubro, quando a Camuto Group (Connecticut/Estados Unidos) anunciou que passará a operar sob novo comando. Em um acordo estratégico, a organização foi adquirida pelas companhias norte-americanas Authentic Brands Group LLC (ABG) e DSW Inc, ampliando ainda mais a participação do conglomerado nos polos mundiais da moda.

“Os sócios estavam planejando a venda, mas queriam um parceiro que mantivesse o legado do fundador Vince Camuto. A empresa recebeu várias propostas ao longo dos últimos anos e várias negociações foram abertas até o ponto onde encontramos o parceiro perfeito para o negócio”, explica Julio Martini, COO (Chief Operating Officer) da Camuto Group.

Atualmente, 85% da produção do grupo tem foco nos Estados Unidos e o restante é distribuído em grande parte da Europa, Ásia e Oriente Médio. A fabricação dos produtos é concentrada em sete países, incluindo Brasil e China, abastecendo seu vasto portfólio. No total, são 34 marcas, considerando etiquetas próprias, licenças, parcerias e joint ventures – que devem ganhar novas proporções em médio e longo prazo. “Os compradores têm planos agressivos de crescimento e de longo prazo para a empresa”, complementa Martini.

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ENTREVISTA

Prestes a iniciar um novo momento na gestão da Camuto Group, o COO (Chief Operating Officer), Julio Martini, fala, em entrevista exclusiva, sobre os próximos passos da empresa.

Qual a expectativa para este novo ciclo?
É uma grande oportunidade e estamos todos muito empolgados. Estamos na fase final da venda, que deve se concretizar no dia 5 de novembro e, logicamente, estamos planejando os próximos capítulos em conjunto. O negócio vai maximizar as marcas e, quem sabe, criar o maior negócio de sourcing de calçados do mundo.

Como será a participação da ABG e DSW na operação?
A ABG fica com todas as marcas, licenças e joint-ventures e ditará as cartas na exploração, crescimento, ideias nas marcas. A DSW assume a operação de produtos e, com o tempo, adicionará valor, novas marcas e projetos. Na criação e desenvolvimento, a Camuto continuará operando normalmente, mas, claro, alguma nova direção poderá acontecer em algum momento para determinadas marcas.

Haverá mudanças na estrutura da empresa?
Em um primeiro momento, haverá poucas e pontuais mudanças estruturais, mais voltadas à consolidação de áreas, como Financeiro, Marketing e Recursos Humanos. A DSW sempre elogiou a operação da Camuto e ela realmente é uma das melhores do mundo. Temos operações estruturadas de produção em sete países e isso ninguém oferece no mercado global hoje em dia.

Haverá mudanças no quadro de colaboradores?
Somente pontuais, para atender a novas demandas e diretrizes de negócio. A Camuto Group tem 1,1 mil colaborares ao redor do mundo.

Como você vê o mercado atual de calçados no Brasil?
O mercado interno é muito competitivo e se voltou muito ao produto sintético, de menor preço. Esta faixa de mercado está muito sujeita às oscilações econômicas e políticas, o que se torna um desafio contínuo para as empresas. Precisa-se muita leitura de mercado, flexibilidade e capital para suportar as subidas e descidas da demanda.

Além disso, as empresas têm muita dificuldade para o comércio exterior, pois se perdeu um pouco da veia exportadora. Os trabalhos realizados, em grande parte, visam explorar as marcas brasileiras no exterior, o que, na minha opinião, é uma visão distorcida e míope do mercado mundial.

Eu acredito no trabalho voltado ao produto e à velocidade de mercado, explorando a produção de marcas private label dos clientes (salvo exceções consolidadas), a fim de entrar em mercados novos, recuperar mercados perdidos e retomar as exportações brasileiras com força.

Quais as suas perspectivas para 2019?
Sou um otimista de plantão. Os Estados Unidos, economicamente, estão num patamar equilibrado. Níveis de emprego estão historicamente altos e a trade war com a China pode respingar em boas perspectivas para o Brasil em várias áreas. Já refletiu na agricultura, por exemplo (soja), e quem sabe, crie espaço na indústria. No Brasil, a luta contra a corrupção deve ser o caminho a ser trilhado na busca por melhorias na educação e no ambiente de negócios, onde as empresas sejam as estrelas da economia e não o governo. Num patamar mais particular, a compra da Camuto Group por duas gigantes como DSW e ABG pode abrir muitas janelas de negócios para a empresa e para o mercado de calçados ao redor do mundo. E temos ótimos planos para a produção no Brasil.

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União de expertises

Especializada na construção de marcas e gestão de marketing, a ABG assume parte majoritária na propriedade intelectual da Camuto Group, com 60% de participação. A aquisição deve consolidar o faturamento anual da companhia em US$ 8,3 bilhões no varejo de calçados e acessórios. Já a DSW, proprietária de 40% do negócio, explora seu know-how no atacado e e-commerce para se tornar a maior franquia do setor nos Estados Unidos.

Os investimentos previstos contemplam, entre outras estratégias, a compra de um novo centro de distribuição em Nova Jersey (Estados Unidos). Conforme os termos do contrato, a Camuto Group manterá sua sede no endereço atual e deverá continuar a ter o CEO Alex Del Cielo como líder.

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