Exportação, private label e valor agregado no calçado português

16.05.2018 - Roberta Pschichholz / Jornal Exclusivo*

Uma indústria com mais de 1,5 mil fábricas, que emprega por volta de 40 mil pessoas e exporta em torno de 95% de sua produção. O calçado português é case de sucesso para o mundo e atraiu, nesta semana, um público de mais de 500 pessoas, entre jornalistas, empresários e representantes de entidades ligadas ao setor ao redor do globo. Tudo por conta do 20° UITIC – Congresso Internacional Técnico de Calçados, que ocorre na cidade do Porto, onde estão 90% das indústrias do segmento, localizadas a um raio de 50 quilômetros.

Orgulhosos do Made in Portugal, os anfitriões do evento compartilham com o mundo alguns dos diferenciais que tornaram o sapato deste país objeto de desejo mundo afora. “Temos um cluster completo e, desde 1978, fazemos planejamentos estratégicos para colocar nossa indústria sempre à frente. Temos história e estamos muito próximo do mercado para onde vendemos”, descreve o diretor-geral da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (Apiccaps), João Maia. Durante dois dias – 14 e 5 de maio -, os participantes do congresso visitaram empresas de diferentes perfis. O que se viu foram negócios diferenciados, familiares, de pouco volume e muito private label.

Foto: Roberta Pschichholz/GES-Especial
Foi o caso da Ricap Shoes, na localidade de Felgueiras. Há 35 anos, a companhia produz calçados de conforto para os públicos masculino (90%) e feminino. Com música tocando na linha de produção, seus 150 funcionários produzem 1,5 mil pares/dia, 60% da marca própria e outros 40% private label. Só 5% fica no mercado interno e sai da fábrica a um preço de 20 a 30 euros. O principal mercado é a Europa, em países como Alemanha, França e Espanha. O próximo alvo é entrar no disputado varejo norte-americano, desejo compartilhado por muitos dos outros fabricantes visitados. São lançadas duas coleções ao ano e os investimentos em tecnologia são constantes. Gerente de produção e filha do fundador da empresa, Catarina Almeida conta que há cinco anos eles mantém a mesma produtividade e conseguir mão de obra tem sido um grande desafio. “Há poucos profissionais disponíveis. Ninguém quer trabalhar com isso”, lamenta.

Outra companhia que abriu suas portas para os jornalistas foi a No Brand. Desde 1935, fabrica calçados masculinos (75%) e femininos (25%) e sua expertise a permite produzir private label para importantes marcas como Armani e Aldo. São 750 pares/dia, 50% deles com marca própria. Questionado sobre o motivo pelo qual Portugal tem a 'fama' de fabricar bons sapatos, o CEO da empresa, Sergio Cunha, brinca que é o efeito do “cheiro do couro”, também responsável por fazer o negócio prosperar de geração para geração (no caso da No Brand, já está na quarta). São 108 funcionários diretos e 500 indiretos. Couro é a principal matéria-prima, preferência que também se repete nas demais companhias visitadas.

O Jornal Exclusivo acompanha o congresso com patrocínio da Merkator. As palestras começam nesta quinta e sexta-feira, 17 e 18 de maio.

Confira em nossas redes sociais (Facebook e Instagram) vídeos e imagens produzidos direto do Porto.

* Roberta viajou a convite da organização do evento.

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