O que temos a aprender com o Made in Portugal

11.05.2018 - Roberta Pschichholz

Uma indústria que exporta 95% de sua produção para mais de 150 mercados de alto padrão e que, nos últimos anos teve um crescimento de 60%. Este desempenho será analisado por empresários de diversas partes do mundo, durante o 20º UITIC - Congresso Internacional Técnico de Calçado, que ocorre de 16 a 18 de maio, no Porto, em Portugal. Uma comitiva brasileira também estará no evento para compreender os diferenciais competitivos locais e estratégias que tornaram o calçado português um importante case do segmento. O Jornal Exclusivo fará a cobertura do evento, com patrocínio da Merkator Feiras e Eventos. A promotora está de olho naquele país, porta de entrada para muitos mercados. “Vamos ao evento para fazer contatos, abrir caminhos, divulgar nossos eventos e prospectar oportunidades”, resume o diretor da Merkator, Frederico Pletsch.

Além de espectador, o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) está inserido na programação do congresso. A entidade apresentará o programa de Certificação de Sustentabilidade do Couro Brasileiro (CSCB). A proposta convergiu com uma das linhas temáticas das sessões de debate, que trata de sustentabilidade, transparência na cadeia fornecedora e tendências regulatórias que impactam na indústria, conforme explica o coordenador do CSCB, Álvaro Flores. Para ele, o espaço exclusivo reservado à sustentabilidade no congresso mostra a importância deste tema e sua demanda em ascensão na cadeia produtiva. A apresentação está incluída na temática Sustentabilidade, Tendências Regulatórias que Impactam nas Fábricas.

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A EXPECTATIVA DOS PARTICIPANTES

→ ILSE GUIMARÃES, superintendente da Assintecal

Superintendente da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Ilse Guimarães esteve, recentemente, em solo português e pôde compreender algumas das razões pelas quais a indústria calçadista de lá atingiu o patamar em que se encontra. “Portugal tem mostrado, tanto em relação ao setor calçadista quanto de confecções, uma reação que surpreende a todos - especialmente frente à crise, gerada a partir da entrada dos produtos asiáticos. Era um dos países com menor desempenho na economia dentro da União Europeia e conseguiu se sobressair, utilizando muito essa proximidade com esses mercados e tendo uma estratégia bastante focada e considerando longo prazo”, detalha.

Ilse conta que o primeiro Planejamento Estratégico do Setor foi feito em 1992 e é atualizado a cada cinco anos. “Verificar o que a indústria de lá está fazendo não significa importarmos modelos, até porque temos em cada polo brasileiro de calçados um Portugal, mas, sim, verificar quais as estratégias que lá foram utilizadas e quais podemos fazer ‘benchmarking’, adequando para um atrativo mercado interno e que possam melhorar nossa performance exportadora”, considera a superintendente.

Com uma indústria que gera anualmente 2 bilhões de euros, muitas de suas estratégias podem ser estudadas e aplicadas por aqui. “Em todas as missões já realizadas pela Assintecal, os empresários brasileiros têm uma supresa ao ver os números e verificar como é feita a produção, que é diferente da brasileira. Por isso, nessa experiência a ser realizada durante o congresso, devemos verificar os pontos estratégicos que eles buscam: dedicação ao desenvolvimento do produto, entrega rápida em pequenos lotes, preparação da mão de obra, imagem focada no ‘Made in Portugal’, base de vendas sustentada em ‘private label’ e, sobretudo, o trabalho em valor agregado”, enumera ela.

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→ NEORI PAIM, diretor comercial da Master, representante da Abrameq

Diretor comercial da Master (Novo Hamburgo/RS), Neori Paim considera que o congresso pode trazer visões futuristas em relação ao setor produtivo de calçados, como a implantação da indústria 4.0 e sistemas com esta visão. “Esta é nossa expectativa, através da visitação a fábricas com sistemas devidamente implantados, além de assistir, no congresso, a palestras que tratam de novos conceitos”, comenta. Ele acrescenta que, mesmo o Brasil sendo um grande produtor, com tecnologias e sistemas próprios para produções em alta escala, com variedade de modelo, há barreiras e paradigmas a serem quebrados. Em máquinas, Paim acredita que o setor está bem servido. “Mas é sempre importante termos em mente como estão se movimentando os outros mercados, porque na Europa há incentivos fiscais para as empresas que implantam a tecnologia 4.0 nas indústrias”, observa.

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