Hora de repensar estratégias

27.04.2018 - Mary Silva

Foto: Divulgação
Vanoil Pereira
Com a proximidade do segundo semestre do ano e da clássica virada de temporadas, além dos grandes acontecimentos no esporte e na política, os varejistas demonstram ter uma visão menos nebulosa sobre o rumo que o mercado deve tomar em 2018. A velocidade com que o consumo vem mudando é quase tão insana quanto a rapidez com que as informações se disseminam no universo da moda.

Para quem ainda não entendeu a importância de estar 100% conectado com o consumidor (e para ele), vale ficar atento. Para Vanoil Rocha Pereira (foto), presidente da rede de lojas Passarela (Jundiaí/SP), o mercado já avançou em relação ao que se acreditava nos últimos anos.

Com 40 anos de atuação, 37 lojas físicas no interior de São Paulo e um e-commerce que está entre os maiores cases de sucesso na cena calçadista, o empreendedor se diz inclinado a remodelar seus negócios.

“Estamos sempre evoluindo e tudo o que fizemos deu muito certo até 2014. Depois, parece que tudo começou a sair dos trilhos e tivemos momentos difíceis. Precisamos repensar, a partir de agora, e fazer uma grande reciclagem”, considera. Na opinião do empresário, está consolidada a necessidade de dar um passo adiante, especialmente no que diz respeito às vendas on-line.

On, off ou omni?

Se antes acreditava-se que a eficiência omnichannel era o caminho mais seguro para o sucesso, agora a pegada parece ainda mais complexa. “Vamos abandonar a visão que tínhamos antes. Existe uma mudança de comportamento e temos de desmontar a casa antiga para montar outra mais moderna. Competir com multinacionais, oferecer vantagens ao cliente e continuar acreditando no que gostamos, que é vender calçados e moda é a meta daqui para a frente”, pontua Vanoil Rocha Pereira.

Na contramão dos que apostam forte nos recursos da alta tecnologia para o varejo, o presidente da rede de multimarcas Magazine Mundial (São Paulo/SP), Ricardo Kachvartanian, revela utilizar a web apenas como vitrine para os produtos que comercializa em suas 16 lojas localizadas em São Paulo/SP e região metropolitana.

“Temos vendas pela Internet, mas com pouco investimento. É uma loja que não representa diferencial em lucros no nosso negócio, mas sim um meio de divulgação”, relata. Mesmo com os percalços impostos pela crise, o empresário mantém o otimismo sobre uma melhora no cenário.

Em busca de melhores resultados

Enquanto o e-commerce corre em busca de inovação para chacoalhar as vendas e conquistar engajamento, a fidelização no ponto de venda físico segue na marcha a favor do atendimento diferenciado.

A evolução do conceito de experiência de compra passa por atualizações também no ambiente em si. “As multimarcas continuam muito fortes, mas têm muitos empresários apostando em formatos menores. E vários investindo, ao mesmo tempo, nas franquias”, aponta o diretor-executivo da Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac), Wesley Barbosa.

A estimativa de crescimento para as lojas que oferecem variadas etiquetas é de 4% nas vendas para 2018 – número semelhante ao registrado em 2017. Já o franchising tem expectativas mais otimistas, esperando superar os 8% registrados em 2017 em faturamento geral, conforme a Associação Brasileira de Frachising (ABF). “Temos exemplos de redes que abriram mais de cem unidades em 2017 e podemos ver o crescimento de segmentos como Moda, Alimentação, Saúde, Beleza e Bem-Estar”, comenta o presidente da entidade, Altino Cristofoletti Junior.

Novo estilo de vida impacta no comércio

Para Claudir Dullius, presidente da rede Dullius (Cruzeiro do Sul/RS), o cliente está mais cauteloso na hora de investir em roupas e calçados. Também passou a distribuir sua renda de forma diferente.

“O varejo vem sofrendo grandes mudanças e há um compasso de espera pela definição da política nacional, com as eleições. Além disso, o consumidor está direcionando mais os gastos para o lazer, como TV a cabo, viagens, plataformas de vídeos, e menos para a moda. É um novo estilo de vida que se reflete nas vendas”, explana.

A companhia responde por 26 lojas, sendo quatro delas franquias da Colcci, três unidades com marca própria e o restante multimarcas – seu carro-chefe. “Neste formato, podemos oferecer crediário, com crédito facilitado, flexibilizando a negociação. Também oferecemos o serviço de delivery, com peças em consignação, o que fortalece o relacionamento. O modelo antigo de lojas cheias, esperando que o público vá até o ponto de venda, não existe mais. Apostamos na interação on e off-line e também em parcerias com empresas de outros segmentos, para atrair novos clientes e surpreender os já fidelizados”, conta.

Bischoff: preparados para os desafios

CEO do Bischoff Group (Igrejinha/RS), Jorge Bischoff acredita que o momento é propício para avançar. “O Brasil tem evoluído, porque temos separado a política da economia. Quando interfere demais, é o grande problema. Encerramos 2017 com bom crescimento e a meta é fechar 2019 com cem franquias da Jorge Bischoff em operação. Temos uma boa perspectiva, estamos muito bem preparados e seguimos acreditando no nosso modelo de negócios”, projeta. Hoje, a marca homônima do empresário tem 77 unidades franqueadas.

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