Investimento na indústria não acompanhou expansão do consumo, aponta especialista

13.04.2018 - Redação Jornal Exclusivo

Foto: Nicolle Frapiccini/GES-Especial
Avaliação é do economista André Cunha, que participou de evento da Abicalçados
Ao longo dos últimos anos o Brasil vem registrando queda na participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB). "O País passou por um processo de grande expansão no consumo, sem o acompanhamento do investimento. Na minha avaliação, essa dessincronia tem contribuído para este índice. Hoje somos o 7º maior mercado consumidor do mundo e apenas o 10º maior investidor (em estruturas físicas, maquinários etc)", apontou o pós-doutor em Economia e professor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), André Cunha, que participou nessa quinta-feira, 12 de abril, do evento Análise de Cenários, promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), em Novo Hamburgo/RS.

Citando dados da Organização das Nações Unidas (ONU), Cunha destacou que, não por acaso, a China é o mercado que mais investe em infraestrutura industrial - cerca de 20% do total do investimento em nível mundial. Cenário que é diferente do Brasil, que vem desde a década de 1980 passando por um processo de desindustrialização, com o aumento da dependência das commodities e a regulação internacional de preços desses produtos. “Em 1980, o País respondia por 2,5% de toda a produção da manufatura mundial. Hoje esse número é de 1,5%”, comentou o economista, ressaltando que o espaço foi perdido, sobretudo, para os asiáticos. “O Brasil pede dinamismo justamente quando o mundo passa por um processo de integração, com os avanços tecnológicos mais significativos”, acrescentou.

Setor calçadista

O setor calçadista brasileiro tem registrado em suas taxas de crescimento de produção neste primeiro semestre. A informação foi trazida pelo doutor em Economia e consultor setorial, Marcos Lélis, durante a Análise de Cenários da Abicalçados. “Isso se dá, sobretudo, pela base forte do primeiro semestre de 2017, quando o setor avançou 4,9%”, disse. No primeiro bimestre do ano, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o avanço foi de 0,9%.

Mercado interno

O mercado interno é para onde são destinados 86% dos calçados produzidos no Brasil e tem influência direta na dinâmica do setor. “E o mercado interno brasileiro passa por uma retração, com queda na massa de rendimentos e, consequentemente, no poder de compra”, comentou, ressaltando que essa queda é reflexo do desemprego (que deve fechar o ano em 11%) aliado à perda de salários dos trabalhadores. “O controle inflacionário, verificado ao longo de 2017, ajudou na demanda, mas ele não deve se repetir em 2018, com o IPCA se mantendo na casa dos 3%”, projetou.

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