Varejo calçadista ainda não reagiu como o esperado

06.04.2018 - Mary Silva / Jornal Exclusivo

Foto: Fotolia.com
Para este ano, Ablac projeta alta de 4% para o comércio de calçados
Notícias que parecem animadoras nem sempre indicam a realidade quando o assunto é economia. No varejo calçadista, o desafio do reaquecimento tem sido árduo sob o ponto de vista de empresários e entidades, ante os números comemorados pela média nacional. “Os dados são muito complexos. Em termos gerais, as lojas de calçados fecharam 2017 no 0 a 0 e a tendência é de que em 2018 haja uma alta real na casa dos 4%”, esclarece o diretor executivo da Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac), Wesley Barbosa.

Conforme estudo da Boa Vista SCPC, as vendas no comércio brasileiro registraram crescimento de 3,4% nos últimos 12 meses, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Na avaliação mensal, fevereiro de 2018 foi positivo, com 5,2% a mais no faturamento. Já na apuração por segmento, a categoria Tecidos, Vestuários e Calçados aponta alta de 1,2% no segundo mês do ano e 2,3% nos últimos 12 meses.

É na estatística generalizada que reside a distorção, de acordo com o gestor da Ablac. “Em janeiro tomamos fôlego, em 3,5%, mas fevereiro foi um caos , com queda de 10% sobre o ano passado. O consumidor sumiu das lojas”, lamenta. Para março, a estimativa é de melhora sutil, mas sem grandes expectativas, em função da mudança de comportamento de consumo. “O cliente está consciente, comprando com mais atenção e menos impulsividade. Porém, outros setores estão reagindo, então, não tem por que o nosso não melhorar”, complementa Barbosa.

Para os pesquisadores da Boa Vista SCPC, a retomada do consumo geral se deve à redução de juros, expansão do crédito, melhora da renda e queda do desemprego. A previsão é de que o bom momento se consolide no País.

Frequência de compra já é maior

Ao que tudo indica, o Brasil começa a demonstrar uma real recuperação nos resultados do varejo – incluindo o mercado calçadista. Segundo análise do IEMI Inteligência de Mercado, a frequência de compras destes produtos aumentou levemente em 2017, passando de 3,6 para 3,8 ao ano, com média de dois pares por ida às lojas.

O diretor da instituição, Marcelo Prado, prevê melhora nestes dados, considerando a demanda reprimida nas últimas temporadas. “Diante de um cenário econômico mais estável, a relação entre volumes e valores na produção tende a ficar mais equilibrada”, conclui. Isso porque, em período de retração, há diminuição da quantidade de peças fabricadas, ao passo que os itens de maior valor agregado ganham maior participação e elevam os preços praticados.

Até o final de 2018, a receita da cena calçadista deve crescer em 7,3% em relação ao ano passado, representando aumento de 3,2% no número de pares comercializados. Vale informar que o fechamento do último ano foi de 857,6 milhões de pares vendidos, com destaque para dezembro, em que os caixas encerraram com 10,4% de acréscimo na receita, em relação ao mesmo mês de 2016. O faturamento chegou a R$ 8,8 bilhões, ante R$ 8 bilhões no ano anterior.

Na torcida para a chegada do frio

Wesley Teixeira esclarece que, mesmo com o fim da crise, será preciso se adaptar ao movimento. “O consumidor busca boas experiências e exigirá cada vez mais. Atendimento de excelência é o que faz a diferença em todas as situações”, orienta ele, lembrando que o público feminino representa 90% do negócio. A lojista Katy Kayser concorda e aposta em um reaquecimento a partir do segundo semestre. No comando de sete lojas Katy Calçados no Vale do Sinos e três e-commerces, a empresária confirma: 2017 foi morno. “Queremos crescer este ano e estamos trabalhando para isso, mas é difícil ter certeza sobre números. Quando as temperaturas caírem, os clientes devem voltar a comprar e a esperança é de que tudo melhore”, pontua.

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