Por dentro da Arezzo&Co

09.02.2018 - Redação Jornal Exclusivo

Foto: Divulgação
Companhia gaúcha administrada por Alexandre Birman está prestes a lançar nova marca
Dar o passo inicial, tirar a ideia do papel e empreender não é tarefa fácil. Porém, manter a batida do sucesso também é bastante desafiador. E, fazer uma empresa crescer e transformá-la em uma das calçadistas mais fortes do País é ainda mais audacioso. Porém, esta façanha foi conquistada por Alexandre Birman, CEO da Arezzo&Co (Campo Bom/RS). Fundada em 1972, em Minas Gerais, por Anderson Birman, a companhia tem sua história atrelada à trajetória do setor no Brasil.

Atualmente com cinco marcas – Arezzo, Schutz, Anacapri, Alexandre Birman e Fiever, a corporação está se preparando para lançar mais uma etiqueta no primeiro semestre deste ano. Sempre conectada com as tendências do mercado, a companhia deve apresentar uma marca de conforto, com foco nas mulheres elegantes, sofisticadas e descontraídas, acima de 35 anos.

Os números da Arezzo&Co não deixam mentir sobre o seu êxito. Desde que abriu o capital, em 2011, a calçadista cresceu em todos os trimestres. Nos meses de julho, agosto e setembro de 2017, o resultado não foi diferente – e os planos para este ano são bastante ousados.

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Foto: Nicolle Frapiccini/GES-Especial
Alexandre Birman
Alexandre Birman: preservar a história para construir o futuro

O império da Arezzo&Co é gerido por Alexandre Birman, que, aos 13 anos, fez seu primeiro sapato e, aos 18, lançou a Schutz. Mais tarde, apresentou ao mercado a marca que leva o seu nome e, hoje, tem a missão de alavancar ainda mais a companhia fundada por seu pai. Com grande admiração pelos profissionais que o rodeiam – especialmente sapateiros e bolseiros, ele fala sobre a história da companhia com orgulho. A vontade de dar o devido valor à trajetória da calçadista é tanta que, em 2017, a Arezzo&Co inaugurou um museu, com peças históricas tanto para o setor quanto para a própria empresa, além de um acervo com mais de 100 mil itens. O fato de estar instalada no Rio Grande do Sul desde os anos 1990 tem motivos específicos, que vão desde a oferta de matérias-primas até mão de obra qualificada e importantes parcerias.

Saiba mais em entrevista exclusiva com o CEO da Arezzo&Co.

Qual é a importância do museu e acervo inaugurados na sede da companhia? Acreditamos que, a partir do resgate do passado, é possível construir o futuro. Essa é a premissa desse investimento. Todo o acervo já fazia parte da empresa, pois são materiais que usamos internamente, especialmente para pesquisa. Entretanto, a forma de exposição e a narrativa dessa história não tinham essa curadoria, que, agora, tem um apelo visual bastante agradável. Também podemos dizer que facilita o entendimento e tem a visibilidade do que era, antes, um museu interno. Ainda posso dizer que nosso foco é resgatar o orgulho da profissão de sapateiro, pois é algo que realmente valorizo muito. E não posso esquecer dos bolseiros, pois, este ano, vão ser 1,1 milhão de bolsas vendidas pelas nossas marcas – e 80% são feitas artesanalmente, especialmente na região do Vale do Sinos.

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Quando começou a se envolver com o setor calçadista? Com 12 anos de idade, aprendi a fazer um sapato com minhas próprias mãos. Aos 13, fiz um sapato para o meu pai. Ou seja, fiz a forma, o modelo, cortei, costurei e montei. Este foi, sem dúvida, o meu primeiro diploma da vida.

Por quais motivos vocês continuam com a sede no Rio Grande do Sul? O cluster do Vale do Sinos é algo histórico; não tem ninguém que esteja no calçado há muitos anos e não se lembre do “Bell Valley”. Esta região do Rio Grande do Sul realmente foi a grande propulsora da indústria de calçados lá nos anos 1970 e podemos dizer que há um legado na produção calçadista. Mas a questão de permanecermos aqui hoje não é só pelo histórico, mas também pelo presente.

Por quê? Nós temos, em um raio de 50 quilômetros, todos os tipos de fornecedores de matéria-prima que precisamos. Do curtume, que é algo muito particular, até todos os fornecedores de sola, enfeites, ferragens, ornamentos. Também temos uma mão de obra qualificada. Tanto é que a marca Alexandre Birman, que tem 80% de sua venda feita para o mercado externo – e o preço-médio da marca são 600 dólares, são produzidos aqui, em Campo Bom. É possível fabricar produtos com alto valor agregado, pois contamos com profissionais que conseguem competir com a mão de obra italiana. Esses são os motivos que nos fazem estar muito presentes aqui no Vale do Sinos. É importante destacar que aqui é a nossa sede, nosso coração. Eu venho para o Rio Grande do Sul todas as semanas, desde 1999. São quase 20 anos presente aqui. Inclusive, sou cidadão honorário de Campo Bom.

Foto: Divulgação
Acervo da Arezzo&Co, em Campo Bom/RS
E o que funciona na sede da Arezzo, em Campo Bom? Toda a parte pensante está aqui. A produção de amostras, inteligência competitiva – que é o nosso LAB -, nosso e-commerce (que, aliás, corresponde a quase 10% das nossas vendas), o setor de atendimento ao cliente. Também temos o nosso back office, que chamamos de Centro de Serviço Compartilhado – ou seja: área financeira, jurídica, a TI. Só em Campo Bom temos 1,3 mil funcionários, divididos em três prédios. Podemos dizer que somos, sem dúvidas, uma empresa campobonense.

Aqui também são produzidos os sapatos da Alexandre Birman? Toda a produção interna? Sim. Toda a produção dessa marca do grupo é interna. Nada, nada, nada é feito fora. Nem o pré-fabricado. Todo o solado, a costura, toda a produção, 100% interna.

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Como funcionam as parcerias que a Arezzo&Co mantém com outras indústrias? Hoje, nós desenvolvemos todos os modelos internamente. Fazemos as formas, as matrizes, selecionamos os fornecedores de matéria-prima – desde os couros até todas as ferragens e ornamentos, e, depois, apresentamos os projetos para os fabricantes. Cada produto já nasce mais ou menos com um perfil de fábrica estabelecido. A partir dali, esse sapato é comercializado pela nossa rede e, automaticamente, esses pedidos já vão para as calçadistas que irão produzi-los para nós. Depois de uma média de 40 dias, receberemos os pedidos. É um fluxo constante de lançamentos.

Quantas indústrias parceiras vocês têm? Em torno de 60, entre calçados e bolsas. Vale destacar que 90% ficam na região do Vale do Sinos.

Como está o investimento em bolsas? Estão colhendo bons frutos? Sim. Começamos a investir de uma forma mais expressiva neste segmento em 2013 e, hoje, as bolsas já correspondem por 19% do nosso negócio.

Qual a visão da empresa sobre o cenário político-econômico? A empresa não emite opiniões sobre o cenário político-econômico. Mas, falando como cidadão brasileiro, é muito bom ver o descolamento do cenário político do econômico – ou seja, a economia do Brasil forte, crescente, redução das taxas de juros, redução do desemprego, estabilização do câmbio. É um cenário que nos deixa feliz, ficamos contentes com essa retomada. No âmbito político, temos uma situação bastante delicada - é algo que realmente precisa de uma renovação, precisa de mudanças. Nós, como brasileiros, vamos ter o dever cívico de escolher nosso presidente de 2018 de forma diferente do que escolhemos os outros.

Mas nada disso interferiu nos resultados da Arezzo&Co? Não. A empresa sempre focou internamente. Desde que a abrimos o capital, em todos os trimestres, crescemos. Graças ao trabalho com foco em fazer sempre o melhor produto, no melhor preço e satisfazer a consumidora.

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