Marcelo Kehl: entusiasta dos grandes desafios

30.01.2018 - Michel Pozzebon / Jornal Exclusivo

Foto: Divulgação
Diretor da tradicional Máquinas Kehl, empresário assumiu a presidência da ACI/NH-CB-EV
Grandes desafios trazem grandes responsabilidades. Quem entende bem esta afirmação é o empresário Marcelo Kehl, 51 anos. Em 2014, ao lado do irmão Leandro, o gestor assumiu a direção da Máquinas Kehl (Novo Hamburgo/RS), fundada há 55 anos por seu pai, Osvino. Em dezembro de 2017, Kehl foi eleito de forma unânime para presidir a Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom e Estância Velha (ACI/NH-CB-EV) no biênio 2018/19.

Formado em Economia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), o empresário tem MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. Casado e pai de duas filhas, leva na bagagem experiência em serviços e comércio, tendo sido revisor no Grupo Sinos, gerente das Lojas DPaschoal, Paquetá Calçados e Arapuã, no Rio de Janeiro/RJ, além de supervisor da Leader Magazine, também no RJ, por quatro anos. O agronegócio ainda faz parte da expertise do gestor. Ele administra duas fazendas da família, com plantel de gado de corte.

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Há 13 anos você assumiu o comando de uma empresa fundada pelo seu pai. De que forma você encarou este desafio? Vim para a empresa há 13 anos e, em novembro de 2014, após a saída de dois primos que eram diretores, meu irmão Leandro e eu assumimos a diretoria. Meu pai continua como presidente da empresa, muito ativo. Quanto à responsabilidade, é claro que é grande, mas já havia tido experiência nos quadros gerenciais de grandes empresas. Além disso, tive uma formação acadêmica que me deu uma boa bagagem para assumi-la.

Qual o papel do seu pai na sua formação profissional? Ele sempre fez questão que os filhos estudassem. E é claro que ele me inspirou fortemente para chegar aonde estou hoje. Além de referência no mercado de máquinas para calçados, obteve sucesso em operações tão díspares como o agenciamento de cargas e passagens para a Lufthansa (companhia aérea alemã) e a criação de gado de corte – hoje são 3,7 mil cabeças em duas fazendas.

O que o levou a optar pela Economia? Ao completar o Ensino Médio, em 1984, apesar de ter ido muito bem nas Ciências Exatas, optei por cursar Psicologia. No entanto, fui promovido no varejo e não tive como continuar o curso. Quando migrei para a indústria, em 2005, o tempo necessário para voltar a estudar apareceu. E a Economia surgiu como algo lógico, já que tem muito de números, mas também estuda o comportamento das pessoas. Depois, parti para o MBA de Gestão Empresarial.

Você precisou quebrar paradigmas ao assumir o comando da Kehl? A Kehl é uma empresa tradicional, mas só se manteve no topo do mercado devido à atuação disruptiva de meu pai. Foi ele quem trouxe as máquinas de corte, que nos abriram as portas para a indústria conhecida hoje como 4.0. Também nos fez partir para a prestação de serviços de corte a laser, alcançando uma diversidade incomum para o setor.

De que forma a Kehl tem trabalhado a diversificação de mercados? Em 1994, adquirimos uma fábrica de móveis de alto padrão, para diversificar a atuação e aproveitar a capacidade ociosa que surgiu com o Plano Real. Desde o começo dos anos 2000, fabricamos máquinas de corte com faca, as quais num primeiro momento serviram apenas à indústria calçadista, mas hoje atendem várias outras. A partir de 2008, prestamos serviço de corte a laser, com máquinas de última geração vindas da Suíça. Isso nos proporcionou mais agilidade na produção de peças para nossas máquinas e ampliou muito os nossos mercados. A competitividade vem destas ações e da frequente atualização de nossas máquinas; da entrada na Indústria 4.0 e da constante redução de custos.

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O que você projeta para o futuro da empresa? Somos hoje uma empresa muito mais sólida do que aquela que entrou na crise, no final de 2014, pois conseguimos manter o quadro de colaboradores, reduzir o endividamento e baixar os custos em 35%. Neste último ano, tivemos ainda um crescimento de vendas. Em médio prazo, vemos que nossa inserção na Indústria 4.0 nos coloca num rumo ótimo para continuar crescendo. E, seja qual for o rumo que o País tomar, a empresa se tornará cada vez mais forte.

Que cenário você vislumbra para o mercado de máquinas para calçados em 2018? Este mercado tem apresentado sérios problemas nos últimos anos, principalmente pelo sumiço e encarecimento do crédito. Mas ele já vem se recuperando e creio que 2018 será muito bom para a indústria.

Como você recebeu a notícia de ser escolhido para presidir a ACI? Foi uma agradável surpresa! Já atuava na entidade, no Comitê de Economia. A partir dali, fui conhecendo a casa e sendo conhecido. Isso levou ao convite feito por Marcelo Clark Alves, e depois ao referendo do conselho dos ex-presidentes, formado por nomes épicos dentro da ACI.

De que forma sua expertise em diversas áreas contribui para o seu trabalho? A carga que trago do varejo e do setor de serviços se mostraram muito úteis, pois me permitiram uma visão mais ampla e inovadora do setor. E na ACI, que é uma entidade que representa todos estes setores, meu conhecimento será um facilitador para encontrarmos o melhor caminho para a casa.

O que balizará a sua gestão na ACI? É um desafio hercúleo, pois é uma entidade muito bem estruturada, com mais de 1,1 mil associados (que empregam 103 mil colaboradores), e sempre foi referência para a região, o Estado e, em vários momentos, para o Brasil. O desafio aumenta quando lembro que represento meu pai. O que farei nesta casa é trabalhar como trabalhei até hoje, pois foi isso que levou-me até ela; com respeito por todos, determinação, muito trabalho e posições firmes na defesa do que é correto.

Quais características você julga imprescindíveis a um líder? Respeito, bom senso, falar menos do que ouvir, não transigir na defesa do que é o certo.

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Foto: Divulgação
Sede da Máquinas Kehl, em Novo Hamburgo/RS
A Máquinas Kehl

Fundação: 30/03/1962
Sede: Novo Hamburgo/RS
Empregos diretos: 70
Produtos: máquinas e equipamentos para indústrias diversas, móveis de alto padrão e prestação de serviços em chapas metálicas
Principais equipamentos: máquinas de aplicar adesivos, máquinas de corte, máquinas de aplicar metais e máquinas de virar cortes
Segmentos atendidos: calçados, bolsas, acessórios, automotivo e moveleiro, entre outros
Principais mercados internacionais: México, Peru, Colômbia, Equador, República Dominicana, Estados Unidos, Inglaterra, Canadá e Japão

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