Inspiramais: indústria de componentes precisa influenciar a decisão de compra

16.01.2018 - Michel Pozzebon / Jornal Exclusivo

Foto: Divulgação
Para Ilse Guimarães, superintendente da Assintecal, setor já é visto no exterior como lançador de moda
A indústria brasileira de componentes para calçados e acessórios vem priorizando o desenvolvimento de materiais com atributos diferenciados. Tal foco na visão da superintendente da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Ilse Guimarães, tem contribuído para que o setor influencie na decisão de compra e seja classificado como lançador de moda. “Estamos trabalhando muito forte na questão do design, procurando influenciar na decisão de compra, especialmente, por termos uma atuação que compreende uma gama de produtos de moda”, sustenta.

Na visão da executiva, a indústria nacional de componentes tem se dedicado mais ao processo produtivo. “O foco está no processo em busca da eficiência operacional e não somente no produto. Obviamente, sem produto não há venda. Porém, é preciso que se tenha um processo operacional eficiente que dê suporte para a sustentabilidade econômica das empresas”, avalia Ilse.

O Inspiramais – Salão de Design e Inovação de Materiais – é classificado pela gestora da Assintecal como um importante mecanismo para o desenvolvimento e a internacionalização do setor brasileiro de componentes para calçados e acessórios. “O Inspiramais agrega valor ao componente brasileiro, principalmente, no sentido do mercado internacional nos ver como lançador de moda”, destaca.

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ENTREVISTA

Como foi o ano de 2017 para a indústria brasileira de componentes? Foi um ano estável. Apresentou sintomas de uma decolagem, porém, foi um ano político. Um ano em que as reformas não foram votadas, os acordos comerciais não foram fechados. Muitas destas decisões foram proteladas para 2018. Certamente, vai levar um tempo até que tudo isso seja resolvido.

Quais as suas projeções e perspectivas para o setor de componentes neste ano? Os materiais têm uma característica muito própria: demanda derivada. Ou seja, a performance depende muito de outros setores irem bem para que isso tenha reflexo na indústria de componentes. Não acredito que tenhamos crescimento similar ao do setor automobilístico, que deve chegar a 16%. Não trabalhamos com estas projeções. Mas, trabalhamos sim com uma projeção de crescimento. Trabalhamos com crescimento nos polos. Existem polos que estão se revigorando, se apresentando com posicionamento diferente. Acreditamos também num modelo pujante como o do Vale do Sinos, de grandes marcas e grandes volumes de produção. Acreditamos na exportação de materiais para a indústria de calçados, especialmente, para a América Latina.

Diante das possibilidades desta demanda derivada, quais movimentos você percebe dentro da indústria de componentes? O primeiro movimento é o grande direcionamento para produtos com atributos diferenciados. Cabe ressaltar que isso pode alterar a competitividade dos produtos finais. Já, o segundo é o de que as empresas estão se dedicando mais ao processo em busca da eficiência operacional e não somente ao produto. Obviamente, sem produto não se vende. Porém, é preciso que se tenha um processo operacional eficiente que dê suporte para as empresas. Em terceiro, se tem o grande movimento que é o direcionado às exportações, bastante influenciado pelo Inspiramais.

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A partir deste movimento provocado pelo Inspiramais nas exportações de componentes, pode-se afirmar que o salão é uma referência para o mercado internacional? O mercado latino-americano já classifica o Inspiramais como referência de busca de tendências, de inspirações, de produtos com materiais contemporâneos. Isso ajuda em outro projeto que é a internacionalização dos nossos materiais.

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Inspiramais contribui para a internacionalização do setor
Você acredita que o Inspiramais contribui para agregar valor ao componente brasileiro? Sem dúvida. O Inspiramais agregou e agrega muito valor ao componente brasileiro, principalmente, no sentido do mercado internacional nos ver como lançador de moda. O mercado mexicano, assim como as feiras Lineapelle e Première Vision citam o Inspiramais como fonte de referência. Não adianta você ir ao mercado internacional e oferecer somente o produto. Nós temos que influenciar a decisão de compra. Eu vejo que isso é o que está acontecendo.

Quais as novidades para esta edição do Inspiramais? A grande novidade, talvez seja parcerias. É a integração de toda a cadeia, do sistema de moda, de toda a plataforma, com o apoio e organização de importantes e representativas entidades brasileiras. Se não houvesse essa coexistência de parcerias, certamente, não seria possível realizar o Inspiramais.

Como você vê o desenvolvimento e a consolidação do Inspiramais? Uma palavra que resume o Inspiramais é inquietude. É a nossa inquietude de nunca achá-lo completo. É de estar a todo momento buscando coisas novas, agregando novos formatos. Acredito que isso contribui para que surja um novo modelo de salão mesmo, agregando diferenciais e não se limitando somente a uma mera exposição de materiais. O Inspiramais agrega desenvolvimento de materiais. E, o ponto principal a cada edição é usar a transversalidade que os materiais oferecem para que se transpire esta busca por novidades.

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Em que mercados-alvo a indústria brasileira de componentes tem focado? Quais as ações que a Assintecal tem desenvolvido nestes mercados? Estamos trabalhando muito forte na questão do design, procurando influenciar na decisão de compra. Trabalhamos com uma gama de produtos de moda, principalmente, no mercado latino-americano.

Na Europa estamos trabalhando com valor agregado, tanto em design como em tecnologia. O que mais exportamos para lá são materiais para calçados de segurança.

Para a Ásia, especialmente China, Vietnã e Índia, estamos focalizando no conceito. Na China temos fortificado a imagem dos produtos químicos para a indústria do couro. Já, em relação a Índia, ainda estamos analisando o mercado por lá. Percebemos que eles estão interessados em materiais com design. Os indianos já têm comprado do Brasil materiais de moda. Inclusive, na Índia existe uma feira de design em que a maior parte dos expositores convidados por eles são do Brasil.

Temos que manter estes esforços e intensificá-los. Se conseguirmos influenciá-los, será possível desenvolver todo o conceito de compra.

INFO

Inspiramais: evento, que ocorre nos dias 16 e 17 de janeiro, no Centro de Eventos Pró-Magno, em São Paulo/SP, é o único salão de design e inovação de materiais da América Latina. Reúne fabricantes nacionais e internacionais de roupas, calçados, joias, móveis e outros segmentos, para alinhamento de coleções e abertura de novos negócios.

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