Um futuro para (des)construir

29.01.2018

O despertador toca, mas você já não acorda no susto como acontecia antes. Hoje, com a tecnologia, o aparelho emite sinais, próximo da hora marcada, que te induzem a um sono mais leve. Você levanta. Na cozinha, a cafeteira já preparou seu café e o aroma invade a casa. A torradeira já preparou o pão. Ao pegar a última caixa de leite na geladeira, ela emite um pedido de compra para que o supermercado mais próximo entregue mais cinco, às 18 horas, que é exatamente quando você chega em casa.

Seu assistente pessoal repassa os compromissos do dia e, com base neles, você decide o que quer vestir e calçar. Mas ao invés de ir até o armário, você apenas seleciona os arquivos com os modelos escolhidos e os coloca para imprimir.

Depois de atender aos compromissos externos, você chega em casa e recebe as cinco caixas de leite. Imprime novas roupas e calçados, mais adequadas ao que você está se propondo para as próximas horas. O que estava no corpo volta para a máquina, que destrói a impressão e transforma tudo aquilo novamente em matéria-prima.

Realidade

Até pouco tempo, essas poderiam ser cenas de um filme de ficção científica. Hoje, grande parte já é realidade. Isso tudo graças ao aceleradíssimo desenvolvimento tecnológico, que, em poucos anos, fez ascenderem termos como IoT (Internet das Coisas), machine learning (computação cognitiva) e inteligência artificial. O despertador inteligente já existe. Casas e aparelhos conectados já existem. A impressão 3D também já existe. O detalhe aqui é que, na maioria das vezes, ela atende apenas a parte de prototipagem. Mas até quando?

Exercícios de futurismo propõem a construção de cenários possíveis para o desenvolvimento de futuros desejáveis. Ou seja, é necessário pensar em todas as possibilidades, por mais que pareçam absurdas (aliás, que elas sejam absurdas é quase um pré-requisito), para que possamos selecionar qual desses cenários vamos querer construir.

A indústria calçadista, nesse sentido, precisa desse exercício para se reconstruir. E quando falamos de indústria, é importante considerarmos pelo menos três pilares principais: produto, processo e modelo de negócios. E mais do que isso: entender que nenhum desses pilares irá mudar sozinho, independente dos demais.

Está na hora da mudança! E ela vai além da tão falada Indústria 4.0. A transformação virá quando entendermos que precisamos olhar o todo, de forma integral. Que ele, o todo, é maior do que a soma das partes. E que, por mais que dividir e segmentar para que possamos entender melhor seja um processo válido de aprendizagem, é importante treinarmos nosso olhar para uma visão sistêmica e holística.

Pretendo, nesta coluna, trazer informações e conteúdos que permitam, incentivem e inspirem o desenvolvimento dessa indústria tão tradicional. Mas que ele seja mais do que apenas aquisição de tecnologia. Que a transformação venha de forma integral e que a tecnologia seja usada como deve, para nos favorecer.

Roberta Ramos

Roberta Ramos é gestora de Projetos na Abicalçados, jornalista, empreendedora e entusiasta de futurismo. Contato: roberta@abicalcados.com.br.

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