Um ano de governo Trump

15.01.2018

Há um ano, Donald Trump tomava posse como Presidente dos Estados Unidos, prometendo, em suas palavras, fazer a América grande novamente. Suas promessas de campanha incluíam revogação do Obamacare (a lei de acesso ao sistema de saúde), revisão de acordos de livre comércio (Nafta e Transpacífico), endurecimento da legislação imigratória, ampliação e revitalização da infraestrutura americana e uma ampla redução de impostos.

Entretanto, passado um ano de governo, Trump tem se deparado com grandes dificuldades para colocar em prática parte dessas promessas. Muitas delas têm sido fortemente contestadas por seus adversários democratas e, até mesmo, por alguns de seus próprios aliados republicanos.

O fato é que um ano após a sua posse, a aprovação de Trump está nos níveis mais baixos desde que assumiu a Presidência e é menor do que a de seus cinco últimos antecessores ao final de seus respectivos primeiros anos de mandato. Apesar de possuir maioria nas duas casas legislativas (Câmara e Senado), sua maior vitória, até aqui, foi a aprovação no Senado (por 51 a 49), no último dia 02 de dezembro, da sua proposta de reforma tributária.

Anunciada por ele como a maior redução de impostos da história americana, a reforma reduz de 35% para 20% a alíquota de impostos para as empresas, concede benefícios fiscais para pequenos negócios, estabelece deduções de até 10 mil dólares em tributos incidentes sobre propriedades, bem como reduz de sete para quatro as faixas do imposto de renda das pessoas físicas, reduzindo a alíquota máxima para 38,5%.

Em números, a aprovação dessa proposta resultará, ao longo dos próximos dez anos, em uma renúncia fiscal da ordem de 1,4 trilhões de dólares.

A equipe econômica de Trump argumenta, porém, que tal renúncia será compensada pela criação de empregos, aumento dos salários dos trabalhadores e elevação das margens de lucro das empresas, o que levará a uma aceleração do ritmo de crescimento econômico americano e, por consequência, em aumento da arrecadação.

Todavia, para muitos críticos, a reforma terá pouco impacto no nível de crescimento e implicará, ao contrário do imaginado pela equipe econômica de Trump, em futuros cortes orçamentários e, inevitavelmente, no aumento da dívida pública americana.

Ademais, ao ter como foco grandes corporações, proprietários de terras e a classe média, a reforma implicará também em um processo de maior concentração pessoal e funcional da renda. O certo é que se a economia americana não responder a contento a tais estímulos tributários, os efeitos negativos dessa renúncia fiscal sobre o nível de endividamento do governo (o mais alto do mundo em valores absolutos) poderão se fazer sentir na trajetória futura da taxa de juros americana, bem como sobre o próprio valor do dólar, o que, certamente, trará reflexos à economia internacional como um todo.
É esperar para ver.

Orlando Assunção Fernandes

Orlando Assunção Fernandes é economista, mestre em Economia Política e doutor em Teoria Econômica pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

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