É hora de fazermos um balanço do ano que se encerra, bem como inferir sobre o que 2018 nos reserva.
Em janeiro, nesse mesmo espaço, no artigo intitulado “2017: mais um ano desafiador”, afirmei que a atividade econômica brasileira deveria flertar com a estagnação e que o desemprego continuaria em elevação, ao menos até o final do primeiro semestre.
No que se refere ao cenário internacional, chamei atenção para os riscos à economia brasileira da ascensão, mundo afora, de políticos da chamada ultradireita e da exacerbação do protecionismo, bem como de uma eventual alta na taxa básica de juros americana.
Hoje, olhando para trás, noto que minhas expectativas foram, em parte, confirmadas.
A instabilidade política e as dificuldades para aprovação de algumas reformas realmente pesaram sobre a tomada de decisão de consumidores e empresários, impactando a atividade econômica.
Apesar da queda da taxa selic ao longo do ano, o consumo manteve-se fraco e o investimento permaneceu em compasso de espera, de tal sorte que o crescimento econômico brasileiro em 2017 ficará pouco acima do zero e o PIB per capita, como prevíamos, permanecerá estagnado.
A taxa de desocupação, como imaginávamos, subiu e atingiu a marca de 13,7% de desempregados, tendo arrefecido mais intensamente só a partir do segundo semestre.
Todavia, no front externo, os riscos não se concretizaram.
As eleições na França e na Alemanha não referendaram os receios da ascensão da extrema direita na Europa e a política monetária americana se manteve acomodatícia.
A menor volatilidade da taxa de câmbio e a confortável posição das reservas internacionais também nos pouparam de maiores sustos.
Ademais, a fraqueza da atividade econômica, ao restringir as nossas importações, fará com que a balança comercial registre, em 2017, o maior superávit de sua história.
Agora, ao lançar um olhar sobre 2018, vislumbro um cenário mais alvissareiro do que aquele que projetei um ano atrás.
A taxa de inflação, apesar de mais alta, permanecerá comportada (entre 4% e 4,5%) e deveremos experimentar uma gradativa recuperação dos níveis de emprego e renda.
A manutenção de taxas de juros baixas ao longo do próximo ano, combinada à desalavancagem das famílias, ao maior volume de crédito e à recuperação dos níveis de confiança dos agentes, abrirá espaço para o crescimento do consumo e para a recuperação do investimento empresarial, acelerando o ritmo de atividade econômica que ficará entre 2% a 3% em 2018.
Eventuais riscos ao cenário de recuperação econômica no ano vindouro deverão vir do ambiente externo e das incertezas subjacentes ao contexto político (a depender da percepção dos agentes sobre o resultado das eleições presidenciais), bem como da não aprovação de reformas que podem comprometer a trajetória fiscal-financeira do setor público.
É aguardar para conferir. E que venha 2018!