Exclusivo Debates defende a pluralidade na moda

Foto: Nicolle Frapiccini/GES-Especial

A diversidade no mundo da moda pautou a terceira edição do Exclusivo Debates, evento que ocorreu na manhã desta terça-feira, dia 21 de novembro, durante a Zero Grau. O bate-papo, mediado pela editora-chefe do Jornal Exclusivo, Roberta Pschichholz, contou com a presença dos diretores da Merkator, Roberta e Frederico Pletsch. A mesa foi composta, ainda, por Vera Carina da Silva (Grupo Italianinho), Dudu Muller (Usaflex), Augusto Sérgio da Silva (Variettá), Paulo Griebler (IBTeC) e a drag queen Verônica Weiss.

Diretor da promotora da mostra calçadista, Frederico Pletsch, o Fredão, falou sobre as dificuldades que pessoas que estão “fora dos padrões” encontram na hora de fazer compras – seja no vestuário, seja em calçados. “Eu, com meu corpo esbelto, às vezes não consigo achar produtos adequados”, afirmou, divertindo-se.

Na sequência, o designer da Usaflex (Igrejinha/RS), Dudu Muller, falou sobre o case de sua empresa, que atende, desde o início de sua história, um público de faixas etárias mais avançadas. “Hoje, trabalhamos com produtos confortáveis, mas que têm um design arrojado. Por isso, não são apenas pessoas mais maduras que querem consumi-los”, explicou, destacando que as informações de moda se tornam cada vez mais acessíveis e desejáveis por diversos perfis. “Inclusive, nossos calçados também atendem a mulheres que têm patologias, como joanete, além de oferecermos modelos específicos para diabéticos”, reforçou. “A maioria das pessoas acha que apenas idosos têm esses problemas, mas não. Muitos jovens sofrem para encontrar produtos adequados e nós conseguimos oferecê-los.”

Estilista da Variettá (Três Coroas/RS), Augusto Sérgio da Silva ressaltou os diferenciais da marca em que trabalha – principalmente, as numerações especiais. “Cerca de 90% de nossas linhas vão até o número 43; e, algumas, até o 44.” O desafio, na sua avaliação, está na hora de ofertar esses produtos aos lojistas. “Temos que insistir, pois muitos clientes têm medo de comprar, porque acham que esses produtos vão ficar parados. Mas, na verdade, você vai conquistar um público se investir neste nicho”, defendeu.

Cliente da marca, a diretora de relacionamento da Merkator, Roberta Pletsch, que calça 39, reforçou alguns de seus percalços para encontrar numeração maior. “Quando eu era adolescente, tinha que comprar os produtos que tinham no meu tamanho. Hoje, graças à evolução da indústria, é possível escolher”, sublinhou.

***

Para Paulo Griebler, presidente-executivo do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefato (IBTeC), o mercado está passando por mudanças e estão havendo quebra de paradigmas. “As pessoas estão envelhecendo, há uma preocupação maior com sustentabilidade e o conforto, hoje, é obrigação”, detalhou. Segundo ele, o mercado precisa se atentar a isso e quem vai definir as regras do jogo são os consumidores.

O Grupo Italianinho (Sombrio/SC) tem produtos inclusivos – no masculino, a numeração vai até o 48 e, o feminino, até o 44. “Trabalhamos com coleções diferenciadas e tamanhos especiais, para atender a todos os públicos”, conta a gerente comercial da empresa, Vera Carina da Silva. E, apesar de a empresa ter uma veia mais tradicional, a gestora explica: “Temos que pensar os vovozinhos e vovozinhas não vão mais querer qualquer produto. Afinal, é preciso pensar que esse público, será, em breve, composto por pessoas como nós”, ressaltou.

A drag queen Verônica Weiss, que foi capa da Revista Lançamentos #253, também relatou suas dificuldades para encontrar calçados. “Quando preciso de um sapato novo, procuro as marcas que sei que têm grade, pelo menos, até o 40.” Entretanto, nem todos os produtos são confortáveis. “Não adianta fazer um sapato mais comprido, ele tem que ter atributos de conforto. Afinal, drag queens costumam ficar em pé por muito tempo e o sapato deve oferecer bem-estar”, finaliza.