“Ser um homem feminino... não fere o meu lado masculino.” Citando este trecho da música Masculino e Feminino, lançada em 1983 pelo cantor e compositor baiano Pepeu Gomes, o ator Silvero Pereira sustentou que a luta pela igualdade de gêneros não é uma tendência e sim uma demanda social urgente. “A sociedade tem compreendido de uma forma melhor de que não me incomoda a felicidade do outro. Precisamos compreender de que viemos de uma sociedade extremamente machista, patriarcal. Considero tudo isso uma evolução social”, disse o artista, que há 17 anos desenvolve uma pesquisa sobre diversidade e gênero no teatro, e que neste domingo, 19 de novembro, participou do Papo Legal - iniciativa promovida pela Merkator Feiras e Eventos e que é uma prévia da Zero Grau, Feira de Calçados e Acessórios -, no Centro de Eventos do Hotel Serra Azul, em Gramado/RS.
Na visão da jornalista e consultora de moda Lilian Pacce, que também participou do Papo Legal, a luta pela igualdade de gêneros em muitos casos é uma convenção que está aí para ser aceita ou não. “Tendência é uma palavra muito forte. Estamos falando praticamente de direitos humanos. Mais do que tendência, é uma questão de conscientização. Todas essas questões tanto racial quanto de gênero ou de idade tem sido questionadas porque o mundo mudou e as pessoas precisam mudar”, afirmou.
O Papo Legal foi conduzido pelas jornalistas e consultoras de moda Patrícia Parenza e Patrícia Pontalti, dupla conhecida como As Patrícias.
Arte como agente transformador
Silvero, que interpretou a travesti Elis Miranda na novela A Força do Querer, da TV Globo, acredita na arte como um agente transformador das questões envolvendo diversidade e igualdade de gêneros. “Diferente da educação e da política, a arte é um dos principais mecanismos de mudança dentro de uma sociedade. A arte em todos os seus sentidos, seja na música, na moda, no design ou no cinema, consegue ser mais imediata pela empatia, pela catarse e pela identificação”, pondera o artista, que sempre foi um condutor da liberdade de escolha livre de gênero, tendo há anos transformado a arte num manifesto.
Citando o case da marca cearense de moda agênero Pangea, o ator frisou que o vestuário não precisa imprimir o gênero. “O que mais me importa ao vestir alguma roupa é imprimir nela a minha autoestima elevada e a minha felicidade. A elegância é aquilo que você imprime. Você é o patinho feio até enquanto dizem que você é o patinho feio. Quando você descobre que você é um cisne, aí você percebe que é belíssimo”, salientou Silvero.
Lilian acrescenta que a elegância tem uma ligação direta com a autoestima das pessoas. “A sociedade precisa entender que elegância não é só roupa. É a sua atitude, a sua educação. Além disso, é a maneira de conviver com o mundo e evidentemente isso passa pela autoestima.”
Papo legal e relevante
A diretora de relacionamento da Merkator Feiras e Eventos, Roberta Pletsch, se mostrou surpresa pelo crescimento que o Papo Legal teve ao longo dos últimos anos. “É uma atividade que se mostrou de uma relevância significativa em poucos anos. É a nossa maior edição e a mais tocante também, pois nos atrevemos a discutir a diversidade, um assunto palpitante da sociedade e trazê-lo para a moda e os negócios. Acreditamos que estamos contribuindo em apresentar uma visão mais clara deste mundo múltiplo que estamos vivendo”, comentou.