KNIT é tendência de moda e do mercado

02.10.2017 - Bárbara Bengua / Jornal Exclusivo


Foto: Marcelo Collar/GES
A tecnologia é uma grande aliada do setor calçadista. A cada temporada, surgem inúmeras inovações que fazem com que a produção dos artigos evolua. Porém, o knit fez mais do que isso: ele revolucionou a forma tradicional de fazer sapatos. O termo, que significa malha, em inglês, atualmente é sinônimo de um processo que une técnicas do tricô com sistemas inteligentes, e é produzido, na maioria das vezes, em formato tridimensional. Eliminando processos como costura e colagem, além de evitar desperdício de matéria-prima, o cabedal sai pronto para montagem e cai, literalmente, como uma luva no pé dos consumidores.

Esportivos

Originário da Alemanha, este processo foi lançado ao mercado pela gigante do esporte Nike, seguida pela Adidas. Alguns anos depois, a tecnologia começou a migrar para outras pontas e chegou à indústria da moda. O estilo casual e a busca incansável pelo conforto fizeram com que o knit caísse nas graças de grandes marcas do universo fashion e estourasse no mundo inteiro. No Brasil, foi possível vislumbrar algumas etiquetas investindo na novidade no início deste ano, mas foram as coleções de primavera-verão que registraram o boom do knit, que segue como forte aposta para as próximas estações.

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Foto: Marcelo Collar/GES
DIVISOR de águas para a Top Shoes Brasil

A demanda é tanta que a Top Shoes Brasil (Novo Hamburgo/RS), com oito máquinas que trabalham com essa tecnologia, cresce cerca de 60% ao ano desde que começou a investir no knit. “Acredito que o knit seja um divisor de águas na indústria calçadista. Inclusive, acho que no segmento de moda é ainda mais gritante, pois, no esportivo, sempre existiu essa busca por novas tecnologias e inovações”, pontua o diretor criativo da empresa, Gustavo Dal Pizzol.

Na sua avaliação, o mercado já virou a chave e está preparado para inovações como esta. “Este processo elimina cerca de 80% da mão de obra e permite inúmeras possibilidades”, explica. Dividida em três estruturas de matéria-prima – poliéster, poliamida e elastano –, o knit pode ser tendência no inverno ou no verão. “Posso fazer com que tenha mais furos para refrescar o pé, ou, se for o caso, posso colocar pelo na parte interna, para aquecer”, exemplifica. Além disso, há a possibilidade de fazer linhas 100% sustentáveis, agregar brilho, mesclar cores, sem falar no visual e no conforto que a tecnologia oferece. Engana-se, ainda, quem pensa que esse material só pode ser usado em tênis e calçados com pegada do dia a dia. “Saltos altos, bico fino e mais uma centena de modelos podem receber o knit; não há limites para esta tecnologia de ponta.”

Expertise

A Top Shoes Brasil, que conta com dez funcionários, tem sua equipe treinada diretamente na Alemanha. Por isso, ela tem capacidade para desenvolver o programa adequado para cada modelo de calçado, fazer as amostras, aplicar o projeto e produzir o cabedal, deixando apenas a parte de montagem para a calçadista. “Temos expertise para auxiliar nosso cliente em todos os processos”, garante Dal Pizzol. A companhia também oferece o knit a outros setores, como o moveleiro e ortopédico. “Esta tecnologia tem potencialidades em diversos segmentos”, finaliza o criativo.

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Foto: Marcelo Collar/GES
ITM: trabalho a quatro mãos

O knit – ou a tecnologia 3DK, como a ITM (Farroupilha/RS) chama – tem, ainda, outro diferencial: aproxima a cadeia calçadista. Segundo o diretor industrial da empresa, José Carlos Trujillo, o processo de desenvolvimento é feito a quatro mãos; ou seja, da empresa em conjunto com o cliente. “Pensamos, juntos, desde a forma que será utilizada, passando pelo desenho, até as cores e o tipo de matéria-prima. Também avaliamos se vai ser mais flexível ou mais rígido, qual será a inserção do ponto, entre tantas outras peculiaridades”, enumera.

O gestor também acrescenta que o 3DK, além de ser uma referência no mundo da moda, é um reflexo das demandas da indústria. “Esse processo segue as tendências de mercado: encurta a cadeia produtiva e elimina o desperdício, pois utilizamos apenas o insumo necessário”, avalia, destacando que há, ainda, uma pegada sustentável. No entanto, produzir um par com esta tecnologia pode demorar de 10 minutos a até 1 hora. “Depende da complexidade”, resume Trujillo.

Até o momento, a ITM trabalha com cerca de 20 calçadistas, que não poupam esforços para tornar o knit um objeto de desejo. Mas este é só o começo; o leque de possibilidades, conforme o gestor, só tende a aumentar. “Agora, nosso foco é o calçado de moda. Depois, temos planos de expandir para calçados de segurança, e, na sequência, artigos militares. Mas, claro, um passo de cada vez”, planeja o diretor industrial. Com 40 anos de história, a empresa tem diversos produtos que integram seu portfólio e, por enquanto, a tecnologia 3DK corresponde a cerca de 5% do faturamento. “Sempre na vanguarda, não poderíamos deixar de investir nesse processo. E certamente estamos colhendo bons resultados, pois esse braço da companhia cresce a passos largos.”

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Carmen Steffens prepara LANÇAMENTO em knit

Conhecida por seus produtos cheios de estilo, a Carmen Steffens (Franca/SP) é uma das empresas que não abrem mão de estar de acordo com as tendências. Por isso, daqui algumas semanas, a grife deve lançar seu primeiro modelo feito de knit. “Esta tecnologia é uma tendência que está muito em alta. Trata-se de uma inovação da qual não pretendemos ficar de fora”, afirma o gerente de Desenvolvimento da marca, Thiago Ferrarezi. Com aprovação prevista para as próximas semanas, o produto a ser lançado tem diferenciais que apenas este processo permite. “Entre os pontos altos está, sem dúvida, o conforto”, defende.

O primeiro contato da calçadista com a tecnologia ocorreu em março de 2017, mas, devido a questões estratégicas e de investimento, decidiu esperar um pouco mais para ingressar nesta moda. “No começo, não sabíamos se iríamos comprar uma máquina e produzir internamente, ou se iríamos terceirizar. Mas, devido aos movimentos do mercado, preferimos produzir com empresas especializadas no assunto”, explica o gestor.

Tendência INDISPENSÁVEL para a Oakley

Para o coordenador de Desenvolvimento da Oakley, Marcelo Hernandes, esta tecnologia já está difundida em países da Ásia e, cada vez mais, ganha força no Brasil. “No momento, estamos com três modelos em desenvolvimento que deverão ser lançados no início de 2018”, garante. A marca norte-americana, que possui subsidiária no País, terá estes artigos apenas em solo verde-amarelo. “De forma geral, só aqui temos produtos fechados para o público masculino. Mas estamos cientes de que o knit é uma tendência mundial, que atende muito bem ao nosso público. Destaco principalmente o estilo casual e o conforto que essa tecnologia oferece”, pontua. A iniciativa de desenvolver os artigos em parceria com a Top Shoes Brasil é outro ponto levantado pelo gestor. “Estamos buscando possibilidades de viabilizar nossos projetos, com muita troca de informação, estudo e desenvolvimento em conjunto.”

Confira entrevista com Gustavo Dal Pizzol e José Carlos Trujillo. Veja, também, a máquina que produz o knit em funcionamento.

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