No início de setembro, o IBGE divulgou os dados do PIB brasileiro para o segundo trimestre de 2017. Os números apresentados revelaram que o País cresceu 0,2% em relação ao trimestre imediatamente anterior, enquanto na comparação com o segundo trimestre de 2016, o avanço foi de 0,3%.
No acumulado em quatro trimestres, isto é, nos 12 meses encerrados em 30 de junho, o PIB apresentou, porém, uma taxa de contração de 1,4%. Apesar do ritmo de atividade ainda registrar, segundo esse critério, taxas negativas, a contração da atividade é significativamente menor do que aquela apresentada no mesmo período do ano anterior (4,8%), o que, no atual cenário, não deixa de ser alentador.
A outra boa notícia residiu no fato da economia brasileira ter apresentado crescimento por dois trimestres consecutivos (na base que compara um trimestre com o trimestre imediatamente anterior) o que, segundo os economistas, retira, tecnicamente, o País de sua pior recessão desde os anos 1930.
Quando analisamos o PIB pela ótica da despesa, notamos também que, como ocorrido em outras oportunidades no passado, foi o consumo das famílias a força motriz dessa retomada, ao voltar a apresentar uma taxa de crescimento de 1,4%, revertendo as sucessivas quedas registradas ao longo dos últimos nove trimestres.
Todavia, os gastos do governo e a formação bruta de capital fixo continuaram, segundo o mesmo critério, a registrar contrações.
A questão é que a taxa de investimento da economia (a chamada formação bruta de capital fixo), responsável pelo aumento da capacidade de produção das empresas, não acompanhou o crescimento do consumo. Ao contrário, voltou a apresentar, pelo 12º trimestre consecutivo, taxa negativa.
Sem a necessária ampliação da capacidade produtiva, limita-se a oferta de bens e serviços por parte das empresas e, portanto, torna-se inviável sustentar o crescimento econômico apenas a partir do aumento do consumo.
Caso esse quadro não seja celeremente revertido, o que se verá mais adiante será apenas a volta da inflação e um comportamento da economia do tipo W, isto é, depois de uma forte queda, e quando a economia inicia uma recuperação, logo ela é abortada por pressões inflacionárias oriundas da baixa capacidade instalada.
Para que tal cenário não venha a se concretizar, será necessário elevar a disponibilidade e o volume das operações de crédito, dar continuidade ao processo de redução da taxa básica de juros, simplificar a estrutura tributária das empresas e dirimir as incertezas jurídicas e políticas, entre outras tantas questões.
Como se vê, apesar dos números positivos, há ainda muito a se avançar para conseguirmos crescer de maneira sustentada e recuperarmos as perdas acumuladas ao longo dos últimos anos. Podemos até ter passado pelo pior da tempestade, mas ainda levará algum tempo para desfrutarmos da bonança.