Multimarcas em queda, franquias em alta

08.09.2017 - Mary Silva / Jornal Exclusivo

A convergência entre os sistemas de lojas físicas e on-line no varejo de moda afastou os temores de que o avanço do e-commerce pudesse decretar o fim das compras in-loco. O grande desafio dos empresários, agora, é adequar seus modelos de negócio às novas necessidades e desejos do consumidor. Neste contexto, as franquias, em sua marcha acelerada de crescimento, vêm conquistando cada vez mais espaço, forçando ainda mais transformações no mercado – especialmente, em relação às multimarcas. Conforme a economista da Universidade Feevale Lisiane Fonseca da Silva, as redes exclusivas saem na frente já no plano de negócios. “Hoje, o cliente tem um grau mais elevado de exigência e o franqueado recebe um feedback antecipado sobre a melhor forma de atendê-lo. O foco é direcionado a perfis específicos e esta é uma grande vantagem”, pontua.

Se a proposta é atraente para o público, os números expõem um panorama também favorável para o empreendedor. Segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), o segmento Moda, no qual estão inseridos calçados, vestuário e acessórios, obteve crescimento de 3,6% em faturamento no segundo trimestre de 2017, na comparação com o mesmo período do ano passado. O dado representa um montante de R$ 4,597 bilhões, ante R$ 4,437 bilhões do segundo trimestre de 2016. Já no acumulado dos últimos 12 meses, a alta desta fatia de mercado foi de 8,9% – de R$ 19,146 bilhões para R$ 20,852 bilhões, de acordo com levantamento da entidade.

Para dar um BOOST nos resultados

Para o presidente da Associação Brasileira de Lojistas e Artefatos de Calçados (Ablac), Marcone Tavares, a franquia é uma boa opção de investimento para o lojista que quer dar um boost nos resultados, de forma geral. Isso porque o varejo multimarcas vem demonstrando perda gradual nos últimos tempos. “Há pelo menos três anos, observamos uma queda nas vendas, em função da crise econômica e da mudança de hábitos de compra do consumidor”, afirma. Ele acrescenta que, nos primeiros quatro meses de 2017, o volume comercializado foi 12,6 milhões de pares a menos do que o mesmo período de 2016, conforme pesquisa encomendada pela entidade à empresa Kantar Worldpanel.

O estudo mostra, no entanto, uma elevação da receita de 7% das sapatarias multimarcas no período, resultado da venda de produtos de maior valor agregado. “O consumidor está comprando menos, mas prefere adquirir produtos de melhor qualidade, mesmo que com preços mais altos”, complementa. Diversificar os negócios, segundo o presidente da Ablac, está entre as alternativas adotadas por muitos empresários que, percebendo a perda na força de seus modelos tradicionais, começam a manter, em paralelo, unidades franqueadas.

Usaflex conquista franqueados de peso

Em plena expansão de seu projeto de franquias, a Usaflex (Igrejinha/RS) surfa na onda do ótimo momento para este modelo de negócio. Entre os franqueados está o empresário Lioveral Bacher, que inaugurou, recentemente, sua quarta loja da marca no Rio Grande do Sul, no Barra Shopping Sul, em Porto Alegre/RS. A unidade é aposta do empreendedor para atingir um nicho ainda não atendido neste centro de compras. “Faz muitos anos que observo o mercado de fidelizadas da Usaflex e sempre falava aos proprietários que, quando decidissem franquear, eu seria um candidato. Acredito que as pessoas estão em busca de uma melhor qualidade de vida, praticando mais exercícios e, por consequência, buscando calçados mais confortáveis, que é exatamente o que a Usaflex proporciona, além do design moderno dos produtos”, destaca.

CEO da companhia, Sergio Bocayuva comenta que a abertura do empreendimento faz parte do projeto de expansão agressivo da marca. “Operamos atualmente com 80 lojas Usaflex. O nosso objetivo é chegar a 341 unidades franqueadas em cinco anos, ampliando a aderência do público jovem, através da oferta de produtos de qualidade com inovação e moda”, afirma.

Adequações mais do que necessárias

Apesar da crescente onda do franqueamento, não se descarta o sucesso para quem pretende se manter no varejo multimarcas. Lisiane Fonseca da Silva destaca, entretanto, que algumas adequações são imprescindíveis para a saúde das empresas. “É interessante fazer um estudo sobre o público que se quer atingir e o tipo de produto e serviço que ele precisa e quer. A partir disso, seguir uma linha de raciocínio na comunicação visual da loja, para que o cliente entenda o que ele vai encontrar”, explica.

DICAS DA ESPECIALISTA

- Deixe claro o tipo de produto que a loja oferece. Comunique as faixas de preços e segmentos atendidos de forma clara;
- Capacite a equipe em relação às peças comercializadas. O consultor deve saber apresentar e esclarecer dúvidas sobre o mix;
- Envolva todos os setores na estratégia: do marketing e visual merchandising aos fornecedores;
- Estabeleça uma organização para expor as diferentes marcas, de forma a valorizar todos os fornecedores e encantar o consumidor com variadas possibilidades;
- Informe-se sobre o mercado em que você atua e acompanhe sempre as transformações e comportamentos do consumidor. Assim, você entenderá como superar desafios e rentabilizar seus pontos fortes.

Fonte: economista Lisiane Fonseca da Silva

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