Zenglein: reinvenção aos 50 anos

05.09.2017 - Bárbara Bengua / Jornal Exclusivo

A trajetória do Zenglein (Novo Hamburgo/RS) está intrinsecamente ligada ao setor calçadista da região. Fundada em 1966, a empresa já passou por diversas fases e hoje vive um dos melhores momentos de sua história. “Antes, nós éramos comprados. Hoje, a gente vende. E, na minha opinião, vender é melhor”, define o diretor comercial da companhia, Angelo Zenglein.

Apesar de ter iniciado suas atividades com foco no mercado interno, foi o boom da exportação que fez com que a empresa ganhasse mais relevância no setor. O mercado dos Estados Unidos era o principal alvo da calçadista, que encantava os norte-americanos com artigos feitos em couro e alto valor competitivo. “Aquele cenário do século passado não existe mais. Hoje, não temos mais condições de disputar preço com países como China, Índia, Vietnã”, considera o empresário.

O mercado internacional representa, atualmente, uma parcela infinitamente menor para a fabricante – e os destinos estão muito mais pulverizados, com a maior força concentrada no Mercosul. “O que comercializamos para fora, neste momento, são principalmente os produtos que têm a moda Made in Brazil; o preço não é mais um quesito tão importante.”

Renovação constante para seguir no páreo

Os 51 anos da companhia serão comemorados em dezembro de 2017. Mesmo com mais de cinco décadas, a empresa busca o aprendizado constante. “Nosso maior objetivo é mesclar a experiência das pessoas mais maduras com as novas ideias dos jovens”, ensina Zenglein.

Reinventar-se todos os dias também faz parte dos desafios enfrentados pelo gestor, que precisou acompanhar as novas dinâmicas do mercado para se manter no negócio. “Houve uma época em que lançávamos duas coleções por ano. Nos dias de hoje, são oito”, exemplifica. Todo esforço tem valido a pena. “Está funcionando, estamos colhendo bons frutos”, afirma. E o motivo para isso está diretamente relacionado à Giulia Domna, marca própria do Zenglein.

Essência sapateira no DNA

Todo o conhecimento e expertise adquiridos ao longo dos anos fizeram com que o Zenglein lançasse a Giulia Domna, capítulo responsável pela grande virada na sua trajetória. Em novembro de 2011, a empresa apresentou a etiqueta ao mercado e o sucesso foi praticamente imediato. “Como a exportação perdeu força, percebemos que era a hora de focar em uma marca nossa”, analisa Angelo Zenglein. Presente nas principais feiras do circuito nacional e internacional, o estande é sempre um dos mais lotados.

O segredo para os resultados positivos, na avaliação do diretor comercial da companhia, está na essência sapateira. “Com a busca pelo preço, muitas empresas começaram a fazer sapato todo em sintético. E o nosso diferencial está, justamente, nos produtos em couro, mas com preço competitivo. Por isso, os lojistas viram na gente muito potencial”, diz.

Esta também é a visão do gestor comercial da empresa, Felipe Fonte. “É possível fazer um produto bacana, mas com um valor viável.” A fórmula para conseguir unir moda, qualidade e competitividade não é simples, mas tem sido a grande sacada da marca. “Nós pensamos na engenharia do produto. Nossa experiência em fazer sapatos permite que consigamos construir calçados diferenciados, de forma econômica”, revela Fonte.

E o Zenglein permanece no Rio Grande do Sul justamente por conta disso. Com seis unidades produtivas – distribuídas em plantas em Novo Hamburgo, Sapiranga, Nova Hartz e Igrejinha –, a empresa aposta na mão de obra qualificada. “Pelo tipo de sapatos que fazemos, precisamos ficar aqui. Tanto pela mão de obra, quanto pela facilidade de acesso às matérias-primas”, argumenta o diretor comercial Angelo Zenglein.

Duas mil famílias ligadas ao Zenglein

Com fabricação de 21 mil pares/dia, 10 mil deles deixam as esteiras com a etiqueta Giulia Domna. O restante são sapatos terceirizados para mercado interno e externo. Para atingir esta marca de produção, são necessários em torno de 2 mil funcionários diretos e indiretos. “Temos os nossos colaboradores que trabalham em nossas unidades, mas também contamos com ateliês e mão de obra terceirizada”, esclarece Zenglein.

Este foi um dos motivos pelos quais o Zenglein abriu, em julho deste ano, uma nova unidade produtiva em Sapiranga, empregando 140 profissionais. “Lá, estamos produzindo apenas Giulia Domna. Fizemos uma pesquisa e descobrimos que nesta cidade há muita gente qualificada. Para fazer sapatos em couro, é preciso que os colaboradores tenham uma expertise diferenciada.”

A união de gerações que faz a força

Em 2017, a companhia projeta crescer o dobro que o ano passado. “Nosso objetivo, até 2018, é dobrar a produção da Giulia Domna”, planeja Zenglein. Para Felipe Fonte, os desafios são animadores: “Já estamos presentes em quase 2 mil pontos de venda e, agora, também começamos a comercializar bolsas com a nossa marca. Estamos muito otimistas em relação ao futuro”, vibra.

A empresa familiar carrega consigo o DNA da região, conhecida nacional e internacionalmente por fazer sapatos. Angelo Zenglein representa a segunda geração da família, mas não deixa de mencionar que seu pai, Rudi Zenglein, fundador da empresa, ainda atua na calçadista. “Nós trabalhamos todos juntos, unindo gerações.”

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