Pequenos e sustentáveis

Sustentabilidade é assunto de adulto e de criança também. O cuidado com o meio ambiente, cada vez mais presente na pauta do consumo, amplia horizontes e se torna realidade nas coleções de calçados para todos os públicos. No universo kids, novas marcas e linhas com aposta em práticas sustentáveis conquistam seu espaço no mercado e na preferência do público. Diariamente, a Ararajuba (Novo Hamburgo/RS) dá vida a cerca de 150 pares de sapatinhos com materiais provenientes das sobras de produção.

A história teve início em maio deste ano, quando a designer Daniela Gums percebeu o potencial da matéria-prima residual da Amoreco, sua marca de calçados infantis em couro. Com mão-de-obra 100% artesanal, os modelos passaram a tomar forma, atendendo meninos e meninas de 0 a 5 anos. A ideia era dar um significado diferente aos retalhos, levantando a bandeira do reaproveitamento aliado ao design e conceitos lúdicos. Atualmente, a Ararajuba representa 50% do total produzido pela empresa comandada por Daniela. “Cada detalhe é pensado para incentivar a atitude sustentável e beneficial o meio ambiente. Nosso público é preocupado com esta questão, que é nossa proposta desde o início”, explica ela.

Além das sobras de couro, a marca explora tecidos, como algodão cru, para a confecção dos cabedais, e restos de borracha e corda de juta natural, para os solados e acabamentos. “Há ainda o trabalho manual do crochê e uma linha especial feita para que a criança ou os pais personalizem o sapatinho”, acrescenta.

Amor pelo Brasil

O nome Ararajuba, conforme Daniela Gums, é uma homenagem ao Brasil e suas ricas fauna e flora. “Ararajuba é uma ave típica brasileira, linda e que infelizmente pode desaparecer”, pontua. Presente em todo o País, por meio de multimarcas, a etiqueta deve penetrar o mercado externo ainda em 2017, começando pela Europa. “Nossa expectativa é produzir 18 mil pares até dezembro deste ano e, no momento, estamos desenvolvendo uma loja on-line. No entanto, não perderemos nosso caráter de exclusividade, pois devido ao nosso estilo de fabricação e materiais utilizados, é inviável a produção em grande escala”, reforça a empreendedora.

A marca Amoreco surgiu em 2011, a partir da inspiração de Daniela Gums, que com criatividade e vasto conhecimento no ramo calçadista, decidiu dar forma a sapatos exclusivos para o público infantil. A proposta da designer é criar peças únicas para bebês e crianças, com numeração do 12 ao 30, focadas no conforto, sem deixar as tendências da moda de lado.

Novidade com pegada ecológica

Com mais de 20 anos de história, a Calçados Contramão (São João Batista/SC) também é exemplo de empresa que investe em criações ecologicamente responsáveis. Responsável pelas marcas Contramão (infanto-juvenil) e Maria Caramelo (para bebês), a companhia trabalha com linhas desenvolvidas com o tecido EcoSimple. O componente é confeccionado com matérias-primas renováveis, que dispensam processos químicos e corantes, além de ter emissão zero de carbono.

“Optamos por lançar estes produtos em nossas coleções primavera-verão 2018, buscando inovar, em sinergia com as necessidades do mercado nacional e internacional”, relata o diretor geral da N&C Indústria e Comércio, que responde pela produção da Calçados Contramão, Herminio Osmar dos Santos. A fabricação desta linha corresponde a 10% do volume total da empresa, com uma média de 150 pares ao dia.

Segundo o gestor, com a inclusão deste novo nicho, a estimativa de crescimento nas vendas é de, no mínimo 15% em 2017. “Estamos agregando um conceito, com novas opções para nossos consumidores. Ao mesmo tempo, nos preocupamos com o meio ambiente, trazendo informação de moda com sustentabilidade”, argumenta Santos. A Contramão gera, atualmente, mais de 30 empregos diretos e indiretos e há planos de expansão do parque fabril para 2018.

A Contramão em números

A Calçados Contramão foi fundada em 1993, focada no público infanto-juvenil, nas numerações do 20 ao 39. Conforto e estilo são os principais pilares das criações, para agradar mães e filhas. A empresa fabrica 1,5 mil pares por dia, dos quais 10% são destinados à exportação. Bolívia, Colômbia, Estados Unidos, Equador, Itália, Porto Rico, Portugal, Rússia e Venezuela são alguns dos destinos mais relevantes.