Projeto VALORIZA diferenciais do laminado sintético BRASILEIRO

17.07.2017 - Bárbara Bengua / Jornal Exclusivo

Crespi do Brasil
Crespi do Brasil
Foi-se o tempo em que laminados sintéticos eram associados a sapatos de péssima qualidade. Atualmente, estes materiais podem ser considerados sinônimos de inovação, muita tecnologia e tendências de moda. Com o objetivo de mostrar ao mercado todo o potencial destas matérias-primas, a Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) criou o projeto Feito no Brasil. Cinco empresas tidas como referência no segmento se uniram e decidiram focar no fortalecimento de seus produtos. “Esta iniciativa é de grande importância para o setor. Primeiramente, por conta da visibilidade dada aos produtos e às empresas brasileiras; depois, devido ao desenvolvimento dos materiais dentro de um conceito de coleção; e, por fim, as companhias, que são, teoricamente, concorrentes, estão trabalhando juntas para um bem maior e dando um exemplo para o mercado”, resume a superintendente da entidade, Ilse Guimarães.
Ilse Guimarães
Ilse Guimarães

Participam desta primeira etapa do projeto as empresas Brisa Intexco (Campo Bom/RS), Caimi & Liaison (Novo Hamburgo/RS), Cipatex (Cerquilho/SP), Crespi do Brasil (Novo Hamburgo/RS) e Endutex (Três Coroas/RS).

Diferenciais que precisam ser divulgados

O fio condutor por trás deste programa é mostrar, para o Brasil e para o mundo, todo o diferencial dos laminados sintéticos produzidos em solo verde-amarelo. “A Assintecal tomou para si a discussão acerca do antidumping. E isso fez com que percebêssemos que o nosso componente precisava ser mais valorizado”, argumenta o coordenador do Núcleo de Design da associação, Walter Rodrigues. O gestor ainda destaca que é preciso trazer à tona uma percepção positiva do laminado, pois se trata uma matéria-prima de extrema qualidade. “Com o nosso estudo, aprendi que, de fato, estes materiais são incríveis. Especialmente pelo fato de oferecerem a possibilidade de fazer tudo aquilo que a natureza não faz: texturas, acabamentos, estampas diferenciadas”, sintetiza.

Walter Rodrigues
Walter Rodrigues

Quem endossa este discurso é uma das empresas participantes do projeto. A Crespi do Brasil tem em seu DNA o fazer diferente. “Nós acompanhamos as tendências internacionais, mas sempre fazemos a nossa releitura. Não queremos ser como o couro. O nosso objetivo é mostrar tudo aquilo que o laminado sintético permite que você explore”, explica o designer da companhia, Lucas Reis.

O criativo menciona não existir, na natureza, por exemplo, microserpentes, mas, na matéria-prima que sua empresa produz, é possível desenvolver este tipo de print. “Fazemos gravações diferenciadas e originais. É algo que não é possível de fazer em outros materiais”, enfatiza. Para o diretor da Crespi, Paulo Roberto dos Reis, participar da iniciativa é uma forma de unir três importantes pilares. “O Brasil tem laminados sintéticos que têm qualidade, moda e tecnologia”, enumera. A empresa, além de sua coleção, ainda desenvolve projetos exclusivos para calçadistas clientes.

UNIÃO faz a FORÇA

Valorizar e fazer a manutenção de toda a cadeia calçadista são os principais motivos pelos os quais a Brisa Intexco decidiu participar do projeto. “Esta é a única forma de nos tornarmos mais fortes e conseguirmos concorrer com os outros países produtores de calçados”, pontua o diretor José Claudio Blos. Para o gerente de produtos do setor calçadista da Cipatex, Leonardo Vieira, o incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento de produtos com referências brasileiras e identidade própria só pode ser visto como algo positivo. “A indústria da moda brasileira ganha cada vez mais espaço internacional, e a produção de componentes com design e tecnologia têm papel fundamental nesse processo”, opina.

Na avaliação do diretor da Caimi & Liaison, Severino Oppelt, o projeto vai dar uma visão diferente aos materiais sintéticos. “Desta forma, será possível valorizar o desenvolvimento e as possibilidades que os laminados oferecem ao mercado”, diz. A iniciativa, avalia ele, demonstra toda a evolução que o material vem tendo ao longo dos anos. “Com esta ação, nós reforçamos todo o propósito de inovação e flexibilidade na oferta de componentes, que garantem a produção de artigos de moda de qualidade.”

A Endutex também enxerga a iniciativa como uma oportunidade de divulgar sua marca e estreitar parcerias. “Vivemos um momento importante de aproximação da cadeia, e queremos fazer parte da montagem dessa nova linha de relacionamento, além de ter um papel relevante e importante para o futuro do mercado. E este projeto se encaixa muito bem nesta realidade em que vivemos”, afirma o diretor José Ricardo.

Mudança de PARADIGMAS

O projeto tem sido o responsável por mudanças internas nas empresas. “Desde o início da iniciativa, introduzimos novas tecnologias de acabamentos, propiciando a criação de laminados sintéticos com maior diversidade”, aponta o gestor da Cipatex. Já José Ricardo, da Endutex, enfatiza o acesso à informação antecipada sobre tendências e comportamento de moda. “Nós acreditamos em um trabalho de desenvolvimento cada vez mais profissional, customizado às necessidades do consumidor brasileiro”, destaca.

A busca pelo perfil dos consumidores verde-amarelos também é destacada pela superintendente da Assintecal. Ilse detalha que as empresas estão recebendo conteúdos de moda específicos, que mesclam informações de moda internacional ao design brasileiro. “Vemos as empresas desenvolvendo um produto de qualidade, que atendem e fomentam a demanda de laminados do setor calçadista nacional”, reforça.

Proximidade facilita INTERAÇÃO na cadeia

Na opinião dos participantes do projeto Feito no Brasil, o fator proximidade ainda é uma das grandes vantagens de se trabalhar com o laminado sintético produzido em solo nacional. “Somos a melhor solução, pois estamos próximos, em comunicação direta, culturalmente integrados e beneficiados pela logística. Assim, somos ágeis e flexíveis”, menciona Blos, da Brisa Intexco, acrescentando que o crescimento da demanda interna faz com que aumente a geração de emprego e renda da população.

A indústria brasileira, segundo Vieira, da Cipatex, ainda conseguiu se adaptar rapidamente aos modelos de fast fashion. “Conseguimos criar, desenvolver e entregar os produtos de forma rápida.” Na mesma linha de pensamento, José Ricardo, da Endutex, complementa: “Acredito que conseguimos produtos mais adequados ao momento e necessidade do cliente.” Ele ainda acrescenta que o timing correto é viabilizado pelo fornecedor nacional. “Ele pode ajudar o cliente a lançar no momento certo, na hora certa e na quantidade adequada”, finaliza.

Cipatex
Cipatex

Fabricantes: novo olhar sobre a matéria-prima

Entre a extensa gama de matérias-primas que a Sugar Shoes (Picada Café/RS) utiliza, está o laminado sintético. E este material é visto com bons olhos pela empresa. “O atrativo dos laminados está ligado ao custo e aproveitamento no momento do seu consumo”, afirma o gerente de Desenvolvimento de Materiais Rodrigo Moers. Mas não é só isso: “Claro que não podemos esquecer que os laminados sintéticos evoluíram muito na questão de apresentação. Hoje em dia, estão mais elaborados, voltados a atender e acompanhar a moda e muito ligados a questões de tecnologia”, pondera. A relação que a calçadista tem com seus fornecedores é extremamente aberta. “Estamos sempre buscando, juntos, alternativas para atender o consumidor com um produto que possa satisfazer suas expectativas”, resume.

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