Reverso da Globalização

20.03.2017

Agora que a estação de inverno está lançada, as vendas acontecendo, e as feiras já se preparando para a próxima temporada, um olhar crítico sobre esses eventos é o que faço hoje. Há tempo que as feiras “se arrastam”. Algumas boas, outras nem tanto, a maioria de razoável para ruim. Mas na mídia, foram todas maravilhosas, centenas de milhares de pares vendidos, e milhões de dólares. Em algumas das que eu estive, não vi nada disso acontecer. Me pergunto até se errei de endereço e evento.

Entre os números que são informados e entrevistas que vêm a público, uma das questões mais recorrentes nestas pesquisas é quantos pares e dólares serão vendidos a partir daquela feira.

As feiras são, geralmente, no início da estação. Então, o que se diz? A projeção de todo o semestre! Na minha avaliação, não se pode mensurar uma feira dessa forma. Dentro dessa mesma ótica, se misturam dados de empresas enormes e conhecidíssimas de produtos injetados e/ou sintéticos, que têm grandes estruturas de vendas internacionais, como sendo performance da feira. Feira não tem como mensurar, mas é fundamental para consolidação da imagem.

Estrutura

E aí fica tudo assim, como uma doce ilusão, em que nós tanto gostamos de acreditar: “Eu não vendi, mas vai ver que o meu vizinho vendeu”! E assim a Apex continua a liberar as verbas, que são fundamentais para os expositores brasileiros, e que nem deveriam jamais ser questionados. A GDS teve a coragem de terminar com essa agonia, apesar da história, e da sensação de final de campeonato sem vencedor. Para eles, esse mix de mundo todo na mesma feira, não fazia mais sentido, e até ia contra os interesses deles mesmos.

O que vão fazer? Uma feira só de marcas europeias, com foco em lojistas e grandes redes. Não será uma feira de sourcing, ou seja, não terão chineses expondo, e, acredito também que nenhum brasileiro expositor será aceito.

Então, querem comprar marcar europeias? Venham à Schuh-Gallery! Ali não vão ser tentados por algum produtor concorrente, fora do continente. É o reverso da globalização. E essas marcas vão procurar onde seus sourcings? In loco, diretamente ou, no máximo, numa feira como Riva del Garda, que reina sozinha na Europa, no seu segmento.

E a theMicam? Hoje é a grande e melhor feira da Europa, com produtos do mundo inteiro para o mundo inteiro, mas sem a poluição dos sourcings orientais. Mas o mundo esta mudando! E nós, brasileiros? Onde é nosso lugar? Não somos mais sourcing por causa da política cambial mas, por outro lado, temos pouquíssimas marcas consolidadas. A falta de uma política de exportação não ajuda em nada quem quer fazer algo consistente neste sentido. Não tenho as respostas, infelizmente.

Edela Land

Edela Land é profissional da área de comércio internacional, executiva da empresa alemã Landed Services (www.landed-services.com).
Contatos: edela@landed-services.de

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