Sem treino não se ganha jogo

09.02.2017
O icônico general Patton dizia a todo o instante que “quanto mais você sua nos treinamentos, menos sangra no campo de batalha”, exigindo de seus soldados níveis de desempenho que nem eles sabiam que possuíam. Hoje em dia, todo o esporte competitivo tem mais horas de treino do que jogando realmente. E pelo que se observa, cada vez mais os treinos tendem a ser mais duros do que o próprio jogo. Bernardinho, o nosso famoso técnico de vôlei, é adepto deste pensamento. Em sua filosofia de preparação acredita que a vontade de se preparar tem que ser maior que a vontade de vencer, pois vencer será consequência da boa preparação. Hoje isso já é verdade nos esportes e nas ações militares e policiais.
Nas empresas, em geral, parece que vale o oposto. Passamos mais horas jogando, sem tempo para treinar. Parece que se treinar você está perdendo tempo. Na prática, isso se confirma por alguns pontos que se observa. Por exemplo, o caso de um vendedor que diz que não está vendendo e o gerente pede a ele que intensifique mais as visitas e contatos. Algo como, no futebol, sendo um técnico de um time que já esta perdendo de 3 gols de diferença, pedimos aos jogadores que continuem com a mesma tática, sem realizar nenhuma substituição de jogadores e sem gritar novas ordens no gramado. Continuar com mais força algo que já não está dando resultado há alguns meses faz com que só se encontre mais a região da baixa performance. Vamos intensificar o que não está dando certo? É esta a mensagem? Schonberger diz que “os custos de treinamento são pequenos comparados com os custos que decorrem da tentativa de evitar o treinamento”. Hoje, quais custos a sua empresa prefere adotar? Hoje, você como profissional, quais custos prefere adotar? Você prefere treinar uma equipe de dez pessoas ou fazer o trabalho de dez pessoas?
Aqui existem dois pontos relevantes. Um é saber que você não sabe e o outro é desejar fazer o diferente. Saber o que não sabe é você ter consciência de que os procedimentos, hábitos, rituais, maneiras, processos e atitudes que executas com tanto cuidado, pode não estar mais dando certo. Quando você descobre isso, é o primeiro passo para aceitar algo diferente. Já, desejar fazer diferente é outro passo, que exige disciplina rigorosa, que normalmente é a causa de muitas frustrações por projetos e sonhos abandonados no meio do caminho. Normalmente as empresas têm faíscas de treino, quando fazem os tradicionais encontros de planejamento ao final do ano. O que se observa é um grupo bastante interessado em fazer diferente desde que concordem com o jeito de como as coisas são aqui feitas ou como o mercado diz que deve ser. Vamos crescer 30% este ano? “Não, o mercado está crescendo apenas 3% e muitos concorrentes estão caindo. Portanto, 30% é impossível”, costuma ter um que diz isso. Em futebol seria como, você tivesse feito 1 X 0 e pensasse que está bom pois todos os demais times estão ganhando de 1 X 0, mesmo tendo diversas chances de fazer diferente, superar o adversário e dar uma goleada. Devemos pensar apenas por nós e depois encaixar a estratégia toda no mercado, vendo como podemos fazer isso, na realidade do momento. E não o contrário, ver o que os jornais estão dizendo e disso fazer uma verdade para limitar o nosso planejamento. O desafio está em primeiro pensar nos seus objetivos, alinhar recursos, treinar e ir encaixando por fases a estratégia no mercado, se adaptando as respostas que o mercado vai dando.
Sem treino não se ganha o jogo é um convite para ter momentos de reflexão estratégica ao longo de todo o ano e não em um só momento a cada final de ano. É querer que nestes encontros todos venham preparados e conscientes que queremos crescer muito no mercado, mais do que os concorrentes e, possivelmente, vamos fazer coisas que nunca antes foram feitas em nosso mercado. É saber que o planejamento é o nosso grande momento de treino, pois visualizamos todo o cenário de curto prazo que está a nossa frente e sabemos como iremos jogar o jogo. Este ensaio mental é o treino. Isso faz a diferença. Mas, para realmente impactar, servindo de intervenção estratégica e não apenas melhoria contínua, estes momentos devem ser mensais, frequentes. Um dia ou no mínimo um turno por mês para a equipe de líderes se preparar e discutir estratégia de alto nível. Esse é o caminho das pedras dos maiores resultados.
Se sua empresa não estiver mais dando o resultado que deseja é hora de parar o que está fazendo e reavaliar a estratégia. Treinar um pouco e ensaiar um novo tipo e ritmo de jogar. Ser rápido nesse aspecto. Tiger Woods dizia que “quanto mais eu treino, mais sorte eu tenho”. Espero que seja um ano de sorte para você.

Gustavo Campos

Gustavo Campos é coach comercial, sócio e analista de inteligência da FOCAL Pesquisas.
www.focal.com.br
focal@focal.com.br

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