Visão realista da crise - parte final

09.08.2016
Sejam quais forem os aspectos escolhidos para explicar a presente crise do setor calçadista, vale registrar que o mercado, no geral, já emite claros sinais sobre a necessidade de adaptação constante ao perfil de preferências dos consumidores, tanto para calçados femininos, quanto para os masculinos. Com efeito, a moda, em toda parte, se mostra cada vez mais dinâmica.
Independentemente da duração do ciclo adverso e do grau das sequelas dele resultante, o empresário calçadista deve, pois, dedicar especial atenção ao cenário de transformações em curso no perfil do mercado, definidas pela preferência de variadas faixas de consumidores, sempre em busca de novidades e atrativos de toda ordem.

Exemplo
A esta altura, se houvesse condições e respaldo, caberia ao nosso setor industrial seguir o exemplo da bem engendrada conduta adotada pela China, cujo processo de modernização industrial foi alcançado em razão de investimentos maciços no domínio da infraestrutura, seguidos de programas estratégicos de aprimoramento dos negócios. Esse processo integrado, denominado empreendedorismo, envolve um conjunto de práticas econômicas, que tem por objetivo a elevação dos índices de produtividade, a expansão robusta do consumo interno e o alcance de metas ambiciosas de produção e de exportação de manufaturados.
Daí vem a pergunta óbvia: o ramo calçadista, como tantos outros do mesmo perfil tecnológico, poderia ser contemplado pelo governo com medidas eficazes como as que são adotadas no continente asiático, formuladas não por burocratas de gabinete, mas por expertises do ramo?
Ministério
Infelizmente, não há indícios de que o governo brasileiro tenha ao menos se interessado pela questão. Certa feita, cerca de três anos atrás, chegou-se a cogitar da criação de um “Ministério da Pequena e Média Empresa”, que resultou em nada, mas que também não teria qualquer sentido prático, porque, na sua formulação, colocaria no mesmo bojo as indústrias classificadas pelo seu tamanho e não pelo seu grau de tecnologia. Um erro de concepção de principiantes, ou de meros demagogos.
E assim, na medida em que permanece a omissão governamental, ao não oferecer o necessário respaldo ao setor industrial de média tecnologia, o que se tem presente é que países especialmente do bloco asiático já nos incomodam, na condição de fortes concorrentes, amparados por ações inteligentes e objetivas de governantes atentos às exigências dinâmicas da economia moderna.

Luís Carlos Facury

Luís Carlos Facury é economista e professor universitário (Economia Internacional), jornalista e calçadista.

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